“Minha mãe veio ao CHM (Cento Hospitalar Municipal de Santo André) com um problema e, agora, está com dois.” A frase de desolação é do microempreendedor Marcelo Florentino Leite, 44 anos, filho de Laudicia Florentino Leite, 79, que desde o dia 18 de fevereiro está internada no hospital andreense após sintomas de pancreatite. A família afirma que, por dificuldades no atendimento, a idosa acidentou-se e fraturou o fêmur.

Laudicia foi encaminhada ao CHM após a equipe médica da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Centro, onde ela tinha se consultado, avaliar exames realizados no local depois de ela se queixar de dores abdominais.

A indignação da família começou logo na chegada ao CHM. “Antes de qualquer exame clínico, na maca colocada no corredor, um médico, só de olhar, disse que provavelmente ela estava com câncer”, conta o filho, que gravou a conversa com o profissional, a qual o Diário teve acesso.

O hospital conseguiu leito para a idosa no centro cirúrgico. No dia 19, ela foi tomar banho sem supervisão e, debilitada, caiu no banheiro, ferindo a cabeça e quebrando o fêmur. “Uma das minhas irmãs, que estava de acompanhante no quarto, correu para pedir ajuda. Fizeram um raio X do fêmur, mas não deram o resultado. No dia seguinte, quando vim substituir minha irmã, não sabíamos da fratura”, falou Leite.

Laudicia pediu ao filho para levá-la ao banheiro e ele solicitou a uma assistente de enfermagem uma cadeira de banho, mas recebeu negativa como resposta. “Ela disse que não tinha e que estava escrito no prontuário para estimular a paciente a andar. Levei-a nos braços e falei que, quando pudesse buscá-la, para me chamar, mas não deu tempo e ela caiu novamente, batendo o rosto no chão”, completou.

Dois dias depois, a paciente foi transferida para o setor de traumas, onde foi informada de que será necessária transferência para outro hospital que possa fazer procedimento cirúrgico após a fratura do fêmur, mas a questão depende de vaga. Ontem, a equipe do Diário visitou a paciente no CHM. As dores no abdômen já passaram. “Mas a perna parece que tem alguma coisa rasgando a carne”, disse ela.

Procurada, a Secretaria de Saúde da cidade confirmou que a paciente deu entrada “com quadro de dor abdominal a esclarecer” e que, durante a permanência no hospital, sofreu fratura do colo de fêmur à direita. A administração informou que é aguardada a transferência de vaga, por meio da Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde), vinculada à Secretaria de Estado da Saúde, para hospital de referência e credenciado no tipo de tratamento cirúrgico que Laudicia necessita, que é de prótese de quadril.

Sobre não haver cadeira de banho no hospital, a Prefeitura disse que a informação não procede.