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Compositores inovam trilha sonora de filme histórico
Do Diário do Grande ABC
14/04/2000 | 15:24
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Para a criaçao da trilha sonora do filme "Sao Paulo, a Symphonia da Metrópole" - exibido pela primeira vez em 1997 -, que será mostrado sábado e domingo no Sesc Pompéia, em Sao Paulo, os compositores Livio Tragtenberg e Wilson Sukorski ficaram três dias dentro de um estúdio, apenas criando sons. Eles estavam centrados no objetivo de, por meio da música, contar ao vivo a história das trilhas sonoras para o cinema. O que está por trás dessa intençao musical bastante definida, mas nao burocrática, é a forma, no mínimo interessante de compor dos dois autores.

Os dois compositores, que vao lançar a nova trilha sonora, sao os responsáveis pela sonoridade dos filmes de Tata Amaral, entre eles "Através da Janela", que estréia em maio. A trilha do filme terá uma versao em disco e também será lançado pelo selo dos dois, Demoliçoes Musicais. Assim como os filmes de Tata se firmam no cinema nacional, o dois estao fazendo o mesmo, mantendo sua liberdade estética e estruturando o mercado de trilha de cinema no Brasil.

"Reproduzimos os passos das pessoas, o bafo da cidade, a companhia que toca", conta Tragtenberg, em entrevista à reportagem. "Percebe-se o efeito da sonoridade do passado até chegar à sonoridade de hoje; tudo vai evoluindo ao longo do dia e a música vai se deslocando da funçao de imitaçao sonoplástica e ganha uma autonomia crítica". Isso é bastante claro, segundo Tragtenberg, na seqüência da penitenciária.

"Há nesse filme, o registro de uma penitenciária na qual o principal slogan é o de que ali o homem era recuperado; eles se vestiam na época com aqueles uniformes de filme americano, tudo apontava para esse fim", informa o compositor. "Aos olhos de hoje, a imagem é chocante e a música puxa até para um lado emotivo, justamente para enfatizar o que se esperava da penitenciária e no que a idéia inicial se transformou".

A música, composta de instrumentos estranhos, foi gravada em um estúdio amplo, com seis canais, como se fosse um dolby ao vivo, pelo fato de o filme ser todo artesanal. Como naquele tempo nao existiam recursos de manipulaçao de imagem nas fases posteriores às filmagens, tudo tinha de ser feito enquanto as cenas estavam sendo rodadas. "Em um trecho, eles colocaram um jogo de lentes dentro da câmera que possibilitou um efeito de caleidoscópio", explica o compositor.

"Usamos ventiladores industriais voltados para a platéia, ou seja, trabalhamos com as ingenuidades da época, criando até uma coisa de parque de diversao sensorial para platéia". Assim, os dois passeiam pela sonoplastia do cinema mudo e evoluem até chegar a uma música crítica.

Quem chamou Tragtenberg e Sukorski para fazer a trilha foi Tânia Savietto - que já morreu -, na época diretora da Cinemateca Brasileira. Ela teve a preocupaçao de restaurar o filme, que estava se perdendo. A parceria foi proposta ao Sesc, que tornou possível a recuperaçao do filme. "Em 1997, fizemos algumas apresentaçoes e foi maravilhoso; havia de garotada ao pessoal mais idoso, uns para reconhecer-se no filme e outros para conhecer o que foi Sao Paulo".




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