Política Titulo Editorial
Erros sucessivos
Do Diário do Grande ABC
22/02/2016 | 08:21
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Aline Pietri/DGABC


O aposentado Pelegrino Focher Riatto morreu ontem, aos 77 anos, em decorrência de parada cardíaca. O estado clínico do idoso se complicou e ele foi encaminhado a hospital da Capital depois de fazer cirurgia no mutirão da catarata, promovido pela Prefeitura de São Bernardo, no dia 30 de janeiro.

Riatto foi uma das 21 pessoas que pegaram infecção durante a operação. No total, 27 fizeram cirurgia e 18 ficaram cegas. Familiares acreditam que a piora na saúde do aposentado está diretamente ligada ao procedimento malsucedido, ao qual foi submetido no Hospital de Clínicas, inaugurado em dezembro de 2013 pelo prefeito Luiz Marinho (PT).

Nos 22 dias em que Riatto e seus familiares lutaram para assimilar o erro, que até então havia lhe tirado a visão, o chefe do Executivo se recusou a falar sobre o caso. Equipe de reportagem deste Diário o procurou diversas vezes. A resposta não seria para este meio de comunicação, mas sim para pacientes e parentes, angustiados e aflitos por explicações. Da mesma maneira reagiu a secretária municipal de Saúde, Odete Gialdi, que ainda fez pior. Em reunião com conselheiros do setor, a qual o Diário esteve presente, afirmou que a conclusão da sindicância interna poderia ser escondida.

Cogitou-se não divulgá-la para proteger a imagem da Prefeitura e fugir de possíveis ações judiciais. Uma afronta! Os vereadores, que por atribuição deveriam também apurar o ocorrido, prevaricam ao ignorar pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) proposto pela oposição. Não são dignos da cadeira que conquistaram ao colocarem questões político-partidárias à frente da dor das vítimas. O Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, contratado pelo Paço para realizar as cirurgias, deu poucas e rasas explicações até agora. Às vítimas e às famílias restou, portanto, o desprezo das autoridades, as quais mostram que o equívoco não se limitou ao dia 30 de janeiro.

Os responsáveis pelo infame mutirão da catarata aguardam análise do Instituto Adolfo Lutz. O Ministério Público investiga o caso, assim como o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Erros não devem passar impunes. 




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