A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os carros foi responsável por 20,7% das vendas de veículos durante o período que vai de janeiro a dezembro de 2009, o que correspondeu a cerca de 607 mil unidades, do total de aproximadamente 2,9 milhõe carros vendidos no período graças ao incentivo fiscal.
É o que aponta estudo feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base em simulações estatísticas que levaram em conta histórico de vendas e variáveis de preço, crédito e renda na economia.
Dessa forma, segundo análise do instituto, os dados confirmam que a medida do governo federal cumpriu bem seu papel de ajudar a fazer frente à retração da atividade econômica, gerada pela crise financeira global.
"A política anticíclica (contra a crise) mostrou resultado", cita o técnico de planejamento e pesquisa da diretoria de estudos setoriais do instituto, Ricardo Cavalcante.
O levantamento ressalta que o IPI reduzido (em média 6,5 pontos percentuais menor) não foi o único fator favorável ao crescimento das vendas de veículos a partir do início de 2009.
Também colaborou para a recuperação do segmento a retomada nas concessões de recursos para o financiamento automotivo.
Depois do auge de aquecimento, no fim de 2007 (chegou a R$ 6,57 bilhões), o crédito foi se reduzindo em 2008, atingindo em novembro daquele ano o patamar de R$ 2,23 bilhões. A partir desse mês, voltou a exibir tendência de crescimento, alcançando R$ 6,82 bilhões em setembro de 2009.
No entanto, Cavalcante, sublinha que a diminuição de preços causada pelo estímulo fiscal foi decisiva.
Simulações feitas pelo estudo mostram que se as concessões de crédito tivessem crescido 5% mais do que foi registrado no período e não houvesse a redução do IPI, as vendas teriam crescido 8,3%.
E se houvesse essa expansão no volume de financiamento, com a diminuição do tributo, o incremento teria sido apenas 3,2% maior do que os 20,7% alcançados com o incentivo tributário.
A pesquisa aponta que existe parcela dos consumidores para os quais apenas o valor menor do carro já é suficiente para encorajar a compra. São aqueles cuja decisão de consumo é menos afetada pela renda ou pela disponibilidade de crédito e mais pelo aproveitamento de oportunidades.
CENÁRIO - Questionado se a redução do IPI continuasse, depois de 31 de março - quando o incentivo tributário foi retirado -, Cavalcante explica não teria efeito semelhante ao observado no auge da crise.
Isso porque com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, as vendas devem crescer, sem a necessidade daquela medida, que tem reflexos nas contas públicas.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.