Cultura & Lazer Titulo
Folia de reis
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
07/01/2006 | 08:41
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Uma das manifestações mais tradicionais da cultura brasileira será celebrada neste fim de semana, durante a programação especial do Sesc Santo André, que promove a exposição Os Magos – A Folia dos Santos Reis, do fotógrafo Walter Antunes. A mostra, com entrada franca e em cartaz até 19 de fevereiro, é composta por 50 fotos que sintetizam a mitologia e os preparativos desse festejo, comemorado oficialmente ontem em todo o país. O público também poderá conferir gratuitamente a apresentação do espetáculo Folias Sagradas, do grupo Folias e Folguedos, neste sábado e domingo, às 13h.

Herança da colonização portuguesa, a Folia mistura a liturgia cristã e o folclore, ao remontar de maneira simbólica a viagem dos três reis magos (Gaspar, Melchior e Baltazar) que, conforme o Novo Testamento, foram guiados pela estrela de Belém até a manjedoura do menino Jesus. Apesar das diferenças regionais e da inspiração religiosa, esta passagem bíblica é recriada em um clima de descontração por grupos de pessoas que trajam roupas bastante coloridas e cantam músicas com versos relativos aos reis. Geralmente, são utilizados instrumentos como o violão, a viola, o reco-reco, a sanfona e o cavaquinho.

Entre os personagens da Folia, o palhaço é uma das principais atrações. Com seu jeito cínico e dissimulado, ele tem a incumbência de proteger a criança dos soldados do rei Herodes. Veste uma máscara geralmente confeccionada com pele de animal e segue o cortejo sempre afastado dos foliões. O mestre e o contra-mestre são os donos do conhecimento sobre a manifestação e comandam o grupo. A caravana desfila pelas ruas das cidades e pára em frente as casas pedindo comida e bebida.

Fascinado pelas danças e cantos da festa, Antunes produziu o material fotográfico em cidades do interior de São Paulo, como Mirassol, Monte Aprazível e Fronteira. “Não uso legenda nas fotos. Estou trabalhando com o conjunto da Folia de Reis paulista”, explica o fotógrafo. Segundo ele, um detalhe interessante das festas é o hiato de gerações entre os participantes, resultado da massificação cultural. “Você vê o avô e o netinho, mas não vê o filho. Isso se deve ao processo de industrialização, sobretudo nos anos 60”, afirma Antunes.

Simbolismo – Criada por volta de 1530, a Folia de Reis caracteriza-se pelo forte apelo cênico na reconstituição do trajeto feito pelos magos que, de acordo com a Bíblia, representavam os povos do mundo. Melquior, a Europa; Gaspar, a Ásia, e Melchior, o continente africano. Eles presentearam Jesus com ouro, incenso e mirra, respectivamente, e foram considerados magos pela cultura cristã não somente pela erudição, mas por terem sido os primeiros a reconhecerem o menino como filho de Deus.

Ainda de acordo com as escrituras bíblicas, o trio se dirigiu inicialmente até Jerusalém, onde falou com o rei da Judéia, o temível Herodes, reconhecido pela crueldade com que tratava seus inimigos. Herodes pediu aos magos que o avisassem quando encontrassem a criança, para que pudesse adorá-la. Conhecendo o caráter maquiavélico do rei, Gaspar, Melquior e Baltazar trataram de ignorar o pedido.




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