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CHM de Sto. André enfrenta dificuldades
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
20/03/2003 | 21:08
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O CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André enfrenta dificuldades de abastecimento de remédios e materiais essenciais (faltam antibióticos, analgésicos, anestésicos, antissépticos, desinfetantes, além de luvas estéreis). Também faltam médicos residentes. Além disso, os aparelhos de ar-condicionado dos centros cirúrgico, obstétrico e da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) estão quebrados.

A médica pediatra e diretora do Departamento de Atenção Hospitalar, Noemia Conceição Gil, confirmou a existência das mazelas, mas afirmou que “o Centro Hospitalar não está colocando em risco a vida de ninguém” e que “os atendimentos prosseguem normalmente” (veja entrevista ao lado).

Um relatório denunciando as dificuldades existentes no hospital foi entregue ao Conselho Municipal de Saúde, Prefeitura, Conselho Regional de Medicina e Conselho Regional de Farmácia.

Segundo o relatório, datado do dia 7 de março e assinado por vários médicos, “a falta intermitente de medicamentos vem se agravando há sete meses, tendo atingido nos últimos dias níveis intoleráveis”.

Estavam em falta (não havia na farmácia do hospital um único comprimido ou ampola), dizia o documento, 40 itens de uma lista de medicamentos “imprescindíveis para o desenvolvimento das atividades permanentes do hospital”.

O relatório descreve a situação da UTI e dos centros cirúrgico e obstétrico sem ar-condicionado, como “insuportável”. As altas temperaturas “agravam os quadros clínicos” dos pacientes. Em dias quentes, a temperatura dentro do centro cirúrgico chega a 39° C. Como um cirurgião precisa usar máscara, luvas, touca e roupa de mangas longas a sensação térmica é muito superior a 39° C.

Berçário – A situação mais preocupante, segundo o relatório, é a do berçário. Não há médicos residentes e existe apenas um neonatologista (médico especializado em recém-nascidos), que é obrigado a se dividir entre o berçário e o centro obstétrico.

“Na semana do Carnaval, registrou-se situação de alto risco”, alerta o texto. Houve parada cardiorrespiratória em um recém-nascido, que estava no berçário; e ao mesmo tempo acontecia um parto com gêmeos, assistido por um anestesiologista. “Felizmente, os gêmeos nasceram bem. Contudo, é evidente que não se pode contar apenas com a sorte.”

O médico sanitarista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e ex-secretário municipal de Saúde na primeira administração Celso Daniel (1989-1992), Fernando Galvanese, foi um dos signatários do relatório. “Toda essa situação exige uma solução urgente”, disse. “Nós precisamos resolver esse conjunto de problemas de uma forma duradoura.”

Em menos de uma semana, essa é a segunda denúncia relacionada à Secretaria de Saúde de Santo André. No domingo, o Diário publicou a informação de que a secretaria havia desviado uma verba de R$ 2 milhões do SUS (Sistema Único de Saúde). Em 1999, a Pasta se apropriou desse dinheiro na forma de “empréstimo”, para pagar o 13º de servidores. O dinheiro ainda não foi devolvido.

O vereador Luiz Zacarias (PL) convocou o secretário da Saúde, Michel Mindrisz, para dar esclarecimentos na Câmara Municipal na próxima terça-feira. “Os médicos estão apavorados com o que está acontecendo no Centro Hospitalar”, afirmou o vereador oposicionista.




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