"A trégua está sendo analisada pela Farc", disse quinta-feira à noite Fabio Valencia, um negociador do governo, depois de consultar o porta-voz da guerrilha Raúl Reyes, sobre a proposta do presidente Pastrana para que todos os atores da guerra cessem as hostilidades a partir de 15 de dezembro e durante 30 dias.

Os grupos paramilitares que combatem a guerrilha anunciaram sua disposiçao de observar a trégua. Quinta-feira, ela foi aceita pelo grupo de autodefesa do Departamento de Antioquia de forma unilateral. "Nos absteremos de realizar qualquer de nossas atividades políticas, militares ou de inteligência no período compreendido entre 15 de dezembro e 15 de janeiro", disse o grupo paramilitar em um comunicado. As Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), o maior grupo paramilitar, condicionou a trégua a que também seja observada pelas guerrilhas.

Os seis negociadores do governo e os três das Farc reuniram-se nesta sexta-feira para definir o primeiro dos 12 capítulos da agenda que será submetido a debate público. O tema do respeito aos direitos humanos é o primeiro da agenda, mas poderá ser substituído por outro, salientou o negociador Valencia.

Neste sábado à noite, será transmitida pela televisao para todo o país a primeira audiência pública que será realizada em Los Pozos, uma localidade de mil pessoas, situada a uma hora de carro de San Vicente del Caguán, para explicar aos colombianos o sistema que se empregará para que haja uma grande participaçao popular na busca de soluçoes políticas para o conflito armado.

"Trata-se de informar ao país como vai ser feito o processo de paz e de como, através das audiências públicas, o povo colombiano será o autor e construtor da paz", afirmou Víctor G. Ricardo, alto comissário para a paz.

Qualquer pessoa poderá enviar, por telefone ou por correio, suas sugestoes em torno às reformas políticas, econômicas e sociais necessárias para chegar ao acordo de paz.

Ricardo anunciou também que o período de vigência da zona de distensao de 42.000 quilômetros quadrados será estendido para que nela continue o processo de paz. "Nao podemos fixar datas para o processo", disse Ricardo, ao assinalar que nao haverá limites para concluir as negociaçoes e a zona permanecerá desmilitarizada enquanto houver negociaçoes com as Farc.