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Maria Padilha vive papel desgastante em 'Mulheres Apaixonadas'
André Bernardo
Da TV Press
11/09/2003 | 20:05
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Está sendo desgastante para Maria Padilha viver a Hilda de Mulheres Apaixonadas (Globo). Uma das cenas mais complicadas foi a que a personagem tira a blusa para fazer um auto-exame nos seios. Insegura, ela chegou a telefonar para os amigos mais próximos só para saber o que eles acharam. Mas difícil mesmo, ressalva ela, foi quando Hilda recebeu a notícia do médico de que o tumor era maligno e que ela teria de retirá-lo. Afinal, explica a atriz, não é todo dia que a gente leva um susto desses. “Se ela está com medo? É claro que sim! Mas só tem medo quem tem coragem. Senão, vira um psicopata”, diz a atriz.

No dia seguinte, Maria Padilha recebeu um elogio que dissipou qualquer eventual dúvida sobre seu desempenho. A atriz Regina Braga disse que seu marido, o médico Drauzio Varela, chorou ao ver a cena. Ele disse que viu nos olhos da atriz o medo que ele sempre vê quando dá essa notícia para as suas pacientes. “Esse elogio valeu um Oscar!”, afirma. No mesmo dia, ao voltar para casa, foi abordada por um vendedor ambulante, que enalteceu sua atuação ao dizer: “É tão bonito o trabalho que você está fazendo”. A atriz ficou emocionada.

Desde que estreou na TV em Água Viva, novela escrita por Gilberto Braga em parceria com Manoel Carlos, Maria Padilha parece ter se especializado em fazer personagens meio amalucadas, quase vilanescas. Pela primeira vez, ela empresta sua imagem ao que se convencionou chamar de merchandising social. No caso, a luta contra o câncer de mama. “Achei ótimo terem associado meu nome à essa causa. Afinal, ela é nobilíssima!”, diz.

Recentemente, a atriz foi convidada para gravar um anúncio para o Instituto de Mastologia e ficou surpresa ao constatar que o número de mulheres que resolveram fazer o exame preventivo depois que o assunto começou a ser discutido na novela cresceu consideravelmente. “Normalmente, essas campanhas de prevenção aterrorizam tanto que as pessoas fogem assustadas. Já o Maneco está escrevendo de um jeito que não venceu as mulheres pelo medo”, afirma.

No meio de tanto alvoroço, Maria Padilha ressalta que não foi pega de surpresa pelo autor. Desde o início da novela, ela já sabia que Hilda sofreria um revés qualquer na vida. “Já na sinopse, o Maneco me prevenia que a Hilda teria uma doença grave. Ele só não sabia qual”, diz. Por isso mesmo, a atriz refuta boatos de que não estaria lá muito satisfeita com seu papel na novela ou que teria até pensado em desistir da carreira. “Eu jamais diria isso! Quando o pessoal fica sem assunto, começa a inventar coisas!”, diz, irritada.

Mesmo assim, Maria Padilha admite que a sua primeira impressão com relação à Hilda não foi das melhores. Logo na primeira cena, ela tirava um copo de champanhe das mãos de Estela e passava uma descompostura na prima. Intrigada, a atriz chegou a comentar com o diretor Ricardo Waddington: “Puxa, Ricardo, que mulher careta e moralista”. Hábil, o diretor convenceu a atriz do contrário. “Olha, se fosse qualquer outra atriz, a Hilda poderia ficar careta e moralista. Mas com você, tenho certeza de que ela não vai ficar.”

Desde o começo, Hilda se destacou como uma das mais felizes e bem-resolvidas da novela. Enquanto umas e outras apanham do marido, sofrem de alcoolismo ou enlouquecem de ciúmes, Hilda vive um casamento estável ao lado de Leandro, interpretado por Eduardo Lago. “Não vou deixar de fazer vilãs, mas estou adorando interpretar uma personagem normal, equilibrada, feminina. E olha que o Maneco quase me deu a Heloísa”, afirma.

Veia cômica - Um pouco de bom humor não faz mal a ninguém. Ao longo da carreira, Maria Padilha Gonçalves descobriu um jeito simples e eficaz de transformar papéis secundários e aparentemente sem graça em personagens divertidos e de grande empatia com o público. A tal fórmula consistia em adicionar umas boas e generosas pitadas de humor aos tipos que interpreta. “Às vezes, certos personagens não têm muito o que oferecer para o ator. Nessas horas, o humor se revela uma solução agradável para enriquecer meu trabalho”, diz.

Tudo começou em 1992, quando Maria Padilha chamou a atenção como Karen, uma grã-fina meio destrambelhada de O Dono do Mundo, de Gilberto Braga, que só pensava em dinheiro. A história se repetiu em 1997, quando ela voltou a interpretar a dondoca fútil e tonta no remake de Anjo Mau, de Cassiano Gabus Mendes, atualmente em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo. “Foi a Karen quem me colocou esse carma. Mas, depois de fazer uma perua do Gilberto, fica difícil fazer outra igual ou melhor”, afirma ela.

Em 1996, Maria Padilha trocou a Globo pelo SBT. Na emissora de Silvio Santos, ela atuou em Colégio Brasil, uma novela criada nos moldes de Malhação. A experiência só não foi melhor, lamenta, por conta do descaso do SBT. Desde que estreou, Colégio Brasil foi exibido em quatro diferentes horários. “O Silvio dá mais valor às novelas mexicanas. É por isso que o projeto não vingou”, diz.




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