Economia Titulo Em 12 meses
Indústria demite um a cada 16 minutos

Entre fevereiro de 2015 e o mês passado,
setor produtivo cortou 31,4 mil postos na região

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
19/02/2016 | 07:16
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Divulgação


A indústria do Grande ABC demitiu 31.450 trabalhadores entre fevereiro de 2015 e o mês passado. Isso significa que, nos últimos 12 meses, as empresas do setor dispensaram um funcionário a cada 16 minutos e 42 segundos. O nível de emprego no setor foi divulgado ontem pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Já é o quarto janeiro seguido em que a indústria registra saldo negativo de postos de trabalho (diferença entre admissões e demissões). No período de 12 meses encerrado em janeiro de 2015, foram contabilizados 19,6 mil cortes, contra 9.700 em 2014, 9.050 em 2013 e 1.800 em 2012. Ou seja, em quatro anos, o setor eliminou 71,6 mil vagas nas sete cidades.

O ritmo das dispensas aumentou de maneira impressionante. Entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012, a média era de um trabalhador mandado embora a cada quatro horas, 51 minutos e 36 segundos. Na velocidade atual, 17 pessoas seriam demitidas nesse mesmo intervalo.

Entre as explicações para o aumento no ritmo de dispensas no último ano está a queda na demanda por produtos de diversos segmentos – no caso específico do Grande ABC, os automóveis tiveram forte impacto –, o que provocou redução na produção.

O empresário Emanuel Teixeira, diretor titular da regional do Ciesp de Santo André (que também engloba Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) acrescenta que o momento político do Brasil contribui para a crise. “Quem tem dinheiro para investir não está investindo porque não confia, quem tem dinheiro para consumir não gasta porque teme perder o emprego.”

Na opinião de Teixeira, o Brasil vive momento de “destruição” do setor produtivo. “Temos uma estrutura tributária complexa e cara, e uma legislação trabalhista ultrapassada, que faz com que o empresário nunca saiba ao certo o custo do trabalhador.” Ele também critica a falta de participação positiva do governo federal. “Se você comprar uma máquina que vai gerar empregos e arrecadação de impostos, em vez de receber incentivo, terá que pagar taxas. É uma ditadura burocrática e tributária.”

O vice-diretor do Ciesp de São Caetano, William Pesinato, concorda com as considerações sobre o alto peso dos impostos e destaca que o nível de emprego industrial vem caindo na região desde 2012 porque as empresas têm trocado o Grande ABC por outras partes do País, em busca de estímulo tributário e custos menores. Sobre a possibilidade de a desvalorização do real estimular as exportações e, assim, fazer retomar as contratações, ele demonstra pessimismo. “Mesmo com essa diferença de câmbio (dólar na casa de R$ 4), quem comprava carro chinês não vai comprar o brasileiro, porque o custo daqui é muito mais alto”, finaliza.

CIDADES - No acumulado de 12 meses, São Bernardo foi o município da região com pior saldo de empregos: -10.450. Na diretoria do Ciesp de Santo André foram contabilizados 10 mil cortes, enquanto Diadema somou 8.900 dispensas. Em São Caetano, 2.100 pessoas foram desligadas. Só em janeiro, o Grande ABC eliminou 1.350 vagas. Apenas a regional Santo André registrou variação positiva no primeiro mês do ano, com 50 postos abertos. Todas as outras ficaram no vermelho.
 




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