Após demitir 120 trabalhadores da fábrica de Santo André no início de janeiro, a direção da Pirelli estuda desligar outro grupo com o mesmo número de funcionários. A empresa sofre com a queda nas vendas de pneus, consequência da diminuição na produção de veículos zero-quilômetro no País.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira, o objetivo da companhia é trocar os 120 empregados contratados pelo regime de CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) por funcionários temporários, que, segundo ele, têm salários inferiores e menos benefícios trabalhistas. “Querem cortar custos de qualquer jeito. Mas a lei não foi feita para trocar mão de obra por outra mais barata”, critica.

Para pressionar a Pirelli a mudar de ideia, o sindicato fará protesto hoje, às 13h, na porta da fábrica de Santo André. A manifestação também tem o objetivo de cobrar o pagamento de 220 horas aos cerca de 300 ex-funcionários demitidos no fim de 2015 (além do grupo de 120, outros 180 foram cortados nos últimos meses do ano). O valor é correspondente à PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e, conforme Ferreira, deveria ter sido depositado no início de janeiro, mas os prazos não foram cumpridos. Os sindicalistas prometem paralisar a produção na unidade até que as reivindicações sejam atendidas.

Apesar das acusações, a Pirelli “confirma o pagamento de todos os valores devidos aos demitidos, de acordo com os procedimentos internos”. Sobre a possibilidade de efetuar mais cortes, a companhia diz que, “frente ao cenário econômico nacional e ao andamento negativo do setor automotivo, a empresa está continuamente avaliando medidas visando adequar o nível de produção de pneus à demanda atual do mercado.”