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Cuba rompe relações com Panamá após anistia de anticastristas
Da AFP
26/08/2004 | 20:13
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Um comunicado oficial anunciou que o governo de Cuba rompeu as relações diplomáticas com o Panamá, nesta quinta-feira, em protesto contra o perdão concedido pelo governo panamenho a quatro anticastristas. Eles foram condenados por tentativa de atentado contra o presidente Fidel Castro durante a X Cúpula Ibero-Americana de 2000.

A presidente do Panamá, Mireya Moscoso, concedeu perdão a Luis Posada Carriles, Pedro Crispín Remón, Gaspar Jiménez Escobedo e Guillermo Novo Sampoll.

Segundo o porta-voz do governo, Mario Rognoni, a decisão foi aprovada pelo conselho de ministros. O decreto também perdoou os crimes cometidos por outras 171 pessoas, em maioria funcionários, políticos e jornalistas acusados ou condenados por casos de calúnia e difamação.

Cuba havia ameaçado, no último domingo, romper relações diplomáticas com o Panamá caso o país concedesse indulto aos anticastristas, condenados a penas de 7 a 8 anos de prisão por participação num plano para assassinar o presidente Fidel Castro durante a X Cúpula Ibero-Americana de 2000.

No entanto, a presidente Mireya Moscoso informou que, antes da detenção de Posada Carrilles no Panamá, Fidel Castro tinha informações sobre seus supostos planos, mas que não transmitiu esses dados ao governo panamenho. "Quando foi realizada a reunião de cúpula de 2000, Castro já sabia o que aconteceria, mas não nos informou preferindo fazê-lo durante uma entrevista à imprensa, porque queria dar um show político", disse.

Moscoso afirmou que o perdão foi concedido ao anticastrista Luis Posada Carriles e a outros três cubanos por "motivos humanitários" e para evitar que fossem extraditados para Cuba ou Venezuela, onde poderiam ser condenados à morte. "Não podíamos tolerar que Fidel Castro se metesse nos assuntos internos do Panamá", disse a presidente.

Sua decisão foi tomada a menos de uma semana de deixar o governo. Em 1º de setembro entregará o poder ao social-democrata Martín Torrijos.

Em Washington, capital americana, o Departamento de Estado negou nesta quinta ter pressionado o Panamá para conceder os indultos. "Essa foi uma decisão tomada pelo governo do Panamá. Nunca insistimos para que ninguém fosse perdoado por envolvimento neste caso", informou o porta-voz do Departamento de Estado, Adam Ereli.

Histórico- Posada Carriles e seus companheiros foram detidos no Panamá em novembro de 2000. Com dificuldades para falar, problemas de hipertensão e uma enorme cicatriz no rosto, Carriles alegou que foi alvo de uma armadilha preparada pelos serviços secretos cubanos.

Em 1976, Carriles foi acusado por Cuba de ter realizado, no dia 6 de outubro, um atentado contra uma aeronave da companhia Cubana de Aviação entre Barbados e Havana, capital cubana, no qual morreram 73 pessoas, a maioria atletas. Detido e acusado pelo ‘crime de Barbados’, ele escapou da prisão na Venezuela em 1985.

Um atentado armado em 1989, quando trabalhava como segurança do presidente da Guatemala Vinicio Cerezo, quase o matou, atingindo seu rosto e o sistema nervoso. Ele contou na penitenciária El Renacer, onde está detido, que foi preso no Panamá devido a uma armadilha preparada contra ele.




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