A Prefeitura de São Bernardo, chefiada por Luiz Marinho (PT), planeja entrar na briga com o município de Caieiras para receber o terceiro aeroporto da Região Metropolitana - Mogi das Cruzes corre por fora na briga. O projeto está sendo desenvolvido e guardado a sete chaves pelo secretariado do Paço, inclusive com perspectivas de áreas com potencial para receber o empreendimento.

Em reuniões fechadas para formulação da peça orçamentária de 2012, Marinho chegou a tocar no assunto com o primeiro escalão e conselheiros do Orçamento Participativo e disse que São Bernardo quer acolher o terminal aéreo. As áreas preferidas são próximas ao Trecho Sul do Rodoanel, pela capacidade de escoamento de veículos para a Baixada Santista ou para a Capital. A constante neblina poderia ser impeditivo.

Marinho, inclusive, viajou na semana passada para Brasília e comentou sobre a iniciativa da Prefeitura com a presidente Dilma Rousseff (PT), em uma agenda pré-definida para investimento federal em Habitação. A decisão sobre abertura do aeroporto passa obrigatoriamente pelo governo do Estado, mas a União poderia ser fundamental para viabilizar o projeto, com capacidade de atrair investidores privados para o empreendimento.

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Jefferson José da Conceição, deu mostras de que o plano não está em estágio tão primário na administração, tanto que afiançou que há um projeto executivo finalizado. Esse documento é responsável por demarcar o terreno do aeroporto, delinear estratégias de mobilidade urbana e até a estipular capacidade de funcionamento. "Estamos empenhados. O prefeito lidera essa questão do aeroporto, mas não posso dar detalhes. É uma discussão séria e não é ideia, é projeto executivo."

De acordo com Conceição, o planejamento para construção do aeroporto na cidade é de longo prazo, mas disse que o município tem se preparado para se inserir na corrida pelo terceiro terminal aéreo da Grande São Paulo. "O projeto executivo existe e temos resultados concretos em projetos de Defesa, inclusive com a informação de que (o campus de São Bernardo) da Universidade Federal do ABC terá curso de Engenharia Aeroespacial."

Marinho não garantiu brigar pela vinda do aeroporto nem descartou a possibilidade de São Bernardo acolher o empreendimento. "Eu só falo que a Região Metropolitana precisaria de um terceiro aeroporto. Por enquanto é só isso", frisou o prefeito. A administração garante que a ideia ainda é embrionária. Assegura que sequer esboçou projeto funcional, primeira etapa para entrar de vez na concorrência pelo aeroporto.

Ventila-se nos bastidores políticos que Marinho lidera discussões regionais e de porte estadual por ser cotado no PT para disputar o governo do Estado em 2014. O prefeito tem garantido que, caso seja reeleito em 2012, não abandonará seu mandato, que terminaria em 2016.

Mauá, Sto.André e Rio Grande cogitaram ter empreendimento

A ideia de ter um aeroporto no Grande ABC é antiga. Desde que a produção industrial se intensificou na região, há propostas de construção de um terminal aéreo em uma das sete cidades. Mas nenhum planejamento vingou até agora.

A primeira proposta foi sugerida em novembro de 1975. À época, funcionários da Pirelli encaminharam reivindicação à Prefeitura de Santo André de abertura de um aeroporto entre as indústrias Firestone, Rhodia Têxtil e a própria Pirelli, à marginal do Tamanduateí. O Paço não levou o pedido adiante.

Também na década de 1970, cogitou-se o empreendimento em Rio Grande da Serra. Só que o ministro da Aeronáutica na ocasião, Joelmir Araripe Macedo, descartou a cidade devido à forte neblina.

Em 2007, ápice do caos aéreo nacional, o ex-prefeito de Mauá Leonel Damo (PMDB) afiançou que o município reunia condições de acolher o aeroporto. Damo chegou a oferecer uma área no bairro Sertãozinho, próxima ao Estádio Municipal e à Avenida Papa João XXIII. A intenção foi engavetada pela Agência Nacional de Aviação Civil.

O tema voltou à tona em abril deste ano, quando o dirigente da Associação Comercial e Industrial de São Bernardo, Valter Moura, assumiu a presidência da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, vinculado ao Consórcio Intermunicipal. Moura defendeu que o terminal fosse construído por meio de uma parceria público-privada.