Peças do acervo de Léa Vallauri, mãe do artista, as 20 matrizes produzidas em cartão poderão ser vistas pela primeira vez em uma exposição. A curadoria é de João J. Spinelli. Serão apenas 15 dias de exibição – da próxima terça-feira (16) até dia 31 deste mês – para o público conferir mais alguns elementos da sociedade consumista usados de forma lúdica pela pop arte de Vallauri.
Um relógio, um pião, uma bicicleta, um flautista, um navio e uma fruteira são alguns. O artista se apropriava de símbolos da indústria do sonho presentes no inconsciente coletivo. Processava-os e devolvia-os para a cidade, valorizando-os como imagens.
Vallauri dizia ter composto A Rainha do Frango Assado inspirado em sua sinuosa empregada Iraci. Afirmava que a personagem sintetizava sua idéia de latinidade: mulher exuberante e, ao mesmo tempo, cafona. A Rainha figurou com sucesso na 18ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, e já ganhou vida na pele das atrizes Cláudia Raia e Mara Borba.
Em um texto feito para apresentar uma de suas exposições, o artista fala de seu universo criativo: “O sutiã, o objeto, o fetichismo. O prazer consumado a ser consumido./ A pop arte, não mais a denúncia, o criticismo, o objeto consumido, o kitsch dos anos 60, o baby-doll, a cama vazia, o homem na esquina”.
Durante a mostra no Hotel Lycra, as obras serão comercializadas. Os preços variam de R$ 1,8 mil a R$ 6 mil.
Cronologia – Nascido em Asmara (Etiópia), filho de judeus italianos, Alex Vallauri veio para a América do Sul desembarcando na Argentina. Em 1965, mudou-se para o Brasil, onde estudou xilogravura em Santos e São Paulo.
Em 1970 formou-se em Comunicação Visual pela Faap. Nesse mesmo ano, ganhou o Prêmio Cidade de Santo André, no Salão de Arte Contemporânea da cidade.
Saiu do país para estudar litografia na Suécia (Estocolmo, 1975), desenho na Inglaterra (Chichester, 1976) e artes gráficas nos Estados Unidos (Nova York, 1982).
Bom gravurista, Vallauri começou a grafitar os muros de São Paulo em 1978. Um ano antes, em sua segunda participação na Bienal Internacional (a primeira foi em 1971), exibiu o vídeo Arte para Todos, no qual retratou o trabalho anônimo feito em murais e azulejos de botecos. Morreu em decorrência da aids, em São Paulo.
Matrizes/Pintura – Exposição. Visitação: de 16 a 31 deste mês, diariamente, das 10h à 1h. No Hotel Lycra – r. Oscar Freire, 1.055, São Paulo. Tel.: 3897-4400. Entrada franca.
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