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Grande ABC quer criar design próprio de móveis
Fabiana Cotrim
Do Diário do Grande ABC
09/12/2000 | 20:12
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  A busca por um design que caracterize os móveis produzidos no Grande ABC e o aumento nas exportaçoes vao ser os dois objetivos principais do setor moveleiro da regiao para século XXI. O ideal, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de Sao Bernardo e Regiao, Hermes Soncini, é fabricar linhas que possam ter custos mais baixos de produçao e, ao mesmo tempo, que a qualidade, uma das características principais dos móveis da regiao, segundo ele, possa ser mantida.

"O design nao é frescura, é necessidade", disse Soncini. O setor da regiao passa pela primeira etapa do programa piloto MovelAçao, promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Universidade de Sao Paulo (USP). "Design nao é pintar uma gaveta de cada cor e dar formas estranhas aos móveis. O design é desenvolver um produto que agregue beleza com bem-estar dos usuários. No caso dos móveis, as indústrias vao ter de criar artigos que tenham ergonomia e que se adaptem tanto aos padroes climáticos como aos dos tamanhos das residências do país", disse o consultor do Sebrae e coordenador do projeto, Paulo Sérgio Franzozi.

Para os empresários, o século XXI tem de trazer reduçao de custos durante a produçao ao mesmo tempo em que gere aumento da qualidade, principalmente nas linhas mais populares.

A regiao, que segundo Soncini é conhecida por atender de modo individual aos clientes com preços mais baixos do que os concorrentes, vai ter de encontrar um equilíbrio dessa característica com a produçao em série. O desenvolvimento do design, destacou, vai permitir que o acabamento continue sendo feito de modo diferenciado para atender às necessidade de cada cliente.

Apesar de afirmar que o Grande ABC nunca deixou de ser o principal pólo moveleiro do país, Soncini acredita que ainda falta uma expansao na produçao dos móveis populares. "A classe média foi a que mais sofreu com os problemas econômicos dos últimos anos. Porém, as classes C e D tornaram-se consumidoras mais fortes. Até há poucos anos nao existiam móveis fabricados na regiao para atender a essas camadas, e agora vamos ter de ganhar esse mercado."

Franzozi destacou que os empresários do Grande ABC vao ter de apresentar mais qualidade na linha popular da existente hoje nos produtos encontrados no mercado. "O consumidor sabe avaliar que vale pagar um pouco a mais do que ter um produto perecível. E é nisso que os moveleiros do Grande ABC vao ter de se basear para recuperar o espaço perdido", acrescentou.

O empresário Agnaldo Marçon, proprietário da indústria HB Marçon, de Sao Bernardo, aposta na qualidade para conquistar novos clientes. Atualmente, a empresa atua no segmento mais popular, linha que deve ser mantida. Mas, a partir do próximo ano, Marçon deve investir em maquinários para fabricar com mais qualidade. "Vamos dar mais requinte aos nossos produtos. Temos de estar sempre à frente e avançar os degraus, pois o pólo moveleiro de Bento Gonçalves, no Sul do país, nos pressiona muito nesse segmento. Tudo o que criamos logo está sendo copiado." Para ele, com a modernizaçao da planta será possível manter os custos dos móveis.

O proprietário da RC Móveis, José Luiz Alvarez Rodriguez, destacou que a regiao perdeu espaço no país por deixar de investir. "Foi um abuso de liderança." A busca de design, ressaltou o empresário, é mais difícil do que parece. "Temos de buscar um conjunto de coisas, desde funcionalidade até reduçao de custos." Na conquista de novos mercados, Rodriguez acrescentou que a exportaçao é uma alternativa importante a ser considerada, entretanto ainda há demanda para ser explorada no país, que deve ser atingida primeiro.

A busca pelo design da regiao também vai ser de grande utilidade na venda para outros países. "Queremos um design que possa ser vendido no mercado interno, mas tenha também boa aceitaçao para exportaçao. Nosso enfoque nos próximos anos vai ser o Hemisfério Sul. Apenas depois de fortalecidos poderemos pensar nos Estados Unidos e Europa", disse Soncini. Para exportar, acrescentou Franzozi, é preciso que os empresários trabalhem com produtos alternativos, que nao agridam o meio ambiente e que as características climáticas e físicas sejam respeitadas.




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