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Assessor de Bush é criticado por declarações sobre empregos
Da AFP
12/02/2004 | 14:13
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A oposição democrata no Congresso criticou nesta quarta-feira Gregory Mankiw, principal assessor econômico do presidente George W. Bush, por ter defendido esta semana a transferência de empregos americanos para países onde são pagos baixos salários.

Economista da Universidade de Harvard, Mankiw falou na segunda-feira ante o Congresso, ao apresentar o informe econômico anual do presidente, que a "transferência para o estrangeiro de empregos americanos no setor de serviços é a última manifestação dos lucros gerados pela liberação do comércio".

"Quando um produto ou um serviço é produzido a menor custo em outro país, é mais racional importá-lo do que produzi-lo nos Estados Unidos", acrescenta o texto de um documento enviado ao Congresso e rubricado pelo presidente.

Cerca de vinte senadores democratas, entre eles o chefe da bancada, Tom Daschle, enviaram em resposta uma carta a Bush, na qual reclamam que a tese defendida por Mankiw seja repudiada.

"O presidente sempre disse que tinha um programa para criar empregos, é uma lástima que isso aconteça no exterior", ironizou o senador por Nova York, Charles Schumer, em uma coletiva de imprensa.

"O presidente deve repudiar pessoalmente a posição (de Mankiw) e dar mostras de um pouco mais de sensibilidade para ajudar um milhão de americanos cujos empregos foram transferidos para o exterior", acrescentou Schumer.

Essa semana o senador por Massachusetts John Kerry, favorito para obter a indicação democrata para disputar a Casa Branca, também atacou o presidente e os republicanos nesse aspecto, afirmando que "eles deram um duplo golpe nos assalariados americanos com a destruição de três milhões de empregos sob a presidência de Bush e agora exportando ainda mais empregos para o exterior".

Bush é o presidente com o pior desempenho em relação ao emprego desde a presidência de Herbert Hoover nos 30, durante a grande depressão, insistem os democratas.

A senadora Hillary Clinton, inclusive, apresentou um projeto de lei para limitar a exportação de postos de trabalho.

As declarações de Mankiw também enfureceram os congressistas republicanos, como o representante Donald Manzullo, que exigiu sua demissão. "Ele devia voltar para Havard".

Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve, o banco central americano, foi convidado a comentar as declarações do economista da Casa Branca por membros do Comitê de Finanças da Câmara, ante o qual apresentou seu informe semestral sobre política monetária e conjuntura econômica.

Muito prudente, explicou que a China não é particularmente responsável pela perda de empregos no setor industrial americano, como afirmam vários congressistas, entre eles Donald Manzullo, membro do comitê, citando os baixos salários que vigoram na potência asiática e a desvalorização de sua moeda.

"Eu digo apenas que se a China deixasse de exportar para os Estados Unidos, outros países ocupariam seu lugar", afirmou Greenspan, acrescentando que se trata "principalmente de uma questão de competência internacional". O chefe da Fed defendeu Mankiw, qualificando-o de "economista de alto nível e estimado por seus colegas".

Uma porta-voz da Casa Branca indicou esta semana que o presidente dá total importância em seu orçamento sobre a formação profissional, para a ajudar os americanos que perderam seu emprego a encontrar outro. "O presidente acha que devemos preparar os assalariados para a economia do futuro", afirmou Claire Buchan.




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