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Aumentam críticas contra Blair após morte de soldados
Da AFP
05/11/2004 | 14:51
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A morte de três militares britânicos na quinta-feira em um atentado suicida ao sudoeste de Bagdá intensificou as críticas contra o primeiro-ministro Tony Blair, já que o chefe de Governo aceitou o pedido de Washington para transferir as tropas do Reino Unido para esta região do Iraque, considerada extremamente perigosa. Um grande silêncio pairou no ar na quinta-feira à noite no Parlamento, quando o secretário de Estado britânico das Forças Armadas, Adam Ingram, anunciou a morte de dois dos três soldados britânicos que pertenciam ao regimento Black Watch.

Os parlamentares - ainda que tenham se oposto à decisão de Londres, de 21 de outubro, de aceitar o pedido de Washington para transferir o Black Watch ao setor controlado pelos Estados Unidos, considerado muito perigoso - se limitaram a estender seu pesar aos parentes dos soldados, ato seguido por Downing Street, a sede do Governo.

"Quero expressar minha profunda compaixão e pesar aos familiares desses soldados que morreram no Iraque ontem, e também mostrar o meu orgulho e gratidão pelo extraordinário e heróico trabalho que estão realizando na região", destacou Blair. Contudo, por fora, muitos parlamentares, e inclusive a família dos soldados mortos, manifestaram sua hostilidade, advertindo que o ataque deixou claro que as tropas britânicas estarão sujeitas ao mesmo tipo de ataque com que se confrontam diariamente os americanos. Craig Lowe, de 18 anos, disparou sua raiva nesta sexta-feira contra a transferência da tropa para uma zona mais perigosa, ressaltando que seu irmão Paul, que morreu aos 19 anos no Iraque, não concordava com a permanência do pelotão britânico na região.

"Ele dizia que os soldados não deveriam estar lá (...) porque era uma guerra que não tinha justificativas para o seu começo", frisou. "Paul acreditava que a guerra começara sobre o nada, para obter dinheiro e petróleo", ressaltou Craig, também soldado, que retornou há um mês de Basra. "Estas mortes eram previsíveis", afirmou a parlamentar trabalhista Anne Campbell, após expressar sua profunda tristeza. "Por isso que muitos de nós estavam preocupados quando tomamos a palavra no Parlamento contra a aprovação britânica ao pedido americano há algumas semanas. É uma área muito mais perigosa", destacou.

O ataque suicida foi realizado apenas dois dias depois das forças britânicas - cerca de 850 homens - iniciarem suas operações em Camp Dogwood, ao oeste de Mahmudiya, uma das áreas mais instáveis do Iraque. Os três soldados eram provenientes de Fife, na Escócia, ressaltou nesta sexta-feira o Ministério da Defesa britânico. Por isso, uma das mais duras críticas veio da parlamentar Shona Robison, do SNP (Partido Independentista da Escócia), que declarou à BBC: "O valor dos soldados do Black Watch contrasta muito com a duplicidade das ações dos políticos que os enviaram".

Por sua vez, Blair, o principal aliado do presidente americano reeleito, George W. Bush, na guerra do Iraque, entra neste momento em um período político perigoso. O primeiro-ministro enfrentará eleições durante o primeiro semestre de 2005, em meio a um forte descontentamento de seus próprios partidários trabalhistas e à queda da sua popularidade devido à intervenção ao lado de Washington no Iraque.

Blair tentou novamente, nesta sexta-feira, justificar sua presença no Iraque, reafirmando que garantir a paz no país árabe era 'absolutamente crucial' para a estabilidade no Oriente Médio e da Grã-Bretanha.




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