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Jogo na Internet causa polêmica por conteúdo xenófobo
Da AFP
27/04/2006 | 16:25
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Atirar contra mexicanos que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos, particularmente quando se trata de uma mulher grávida com dois filhos. Este é um dos principais objetivos de um novo video game lançado na internet, em meio ao debate sobre a imigração nos Estados Unidos.

"Há apenas um único e simples objetivo neste jogo: não se pode deixá-los entrar (pela fronteira entre o México e os Estados Unidos), não importa a que preço!", diz o anúncio do video game, cujo nome, Patrulha da Fronteira, vem com as cores verde, branca e vermelha, que compõem a bandeira mexicana.

Em um deserto repleto de cáctus, o jogador se transforma em um guarda de fronteira. Armado com uma pistola, ele deve matar quantos ilegais for capaz.

Os alvos contra os quais deve atirar são claramente descritos: a "mulher coelha" é uma mulher mexicana, grávida e com dois filhos, o "nacionalista mexicano" é um homem armado até os dentes, e o "traficante de drogas" aparece com um carregamento de folhas de maconha.

O violento jogo termina com a pergunta: "Então, Paco, conseguiu o 'green card'?", em alusão ao documento de residentes nos Estados Unidos.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos se manifestaram contra o video game.

Para Gabriela Lemus, da Liga de Cidadãos Latino-americanos Unidos (Lulac, na sigla em inglês), os criadores deste tipo de jogo "apresentam o mexicano e o negro como traficantes de drogas. Tratam-no como um criminoso, o que é por si só deplorável. Mas aqui é diferente, atacam pessoas inocentes como a mãe grávida e seus filhos".

Segundo ela, este tipo de video game "faz de você um objeto, tira a sua humanidade" e "incita o ódio".

Este video game foi lançado na internet por sites racistas e homófobos que "rotulam grupos específicos, como as mexicanas, de 'coelhas'", avalia Peter Vorderer, professor de Comunicação e Psicologia em Los Angeles (Califórnia, oeste), para quem o jogo é um veículo para o "racismo".

Este tipo de jogo racista sempre existiu, mas Patrulha da Fronteira se "integra pouco a pouco à atualidade por causa do debate" existente no país sobre a imigração nos Estados Unidos, disse.

Estima-se que 12 milhões de ilegais vivam nos Estados Unidos. O presidente americano, George W. Bush, disse nesta terça-feira que seis milhões de pessoas foram detidas desde 2001 tentando cruzar a fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Um acordo bipartido, apoiado por Bush e por uma maioria no Senado, propõe aumentar a segurança fronteiriça, conceder vistos de trabalho temporários a estrangeiros, bem como legalizar e abrir caminho à cidadania a parte dos ilegais que vivem no país há mais de dois anos.

O acordo está parado no Senado desde 7 de abril, mas vários legisladores esperam conseguir um compromisso para votá-lo antes do fim de maio.

Este debate deverá ser ajustado em seguida com um duro projeto de lei, aprovado em 2005 pela Câmara dos Representantes, que se limita a criminalizar ilegais e reforçar as fronteiras.




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