Ugyen Trinley Dorje, 17º ``Buda vivo' Karmapa, que vivia no mosteiro de Tsurphu em Lhasa, capital do Tibete, chegou quarta-feira a Sharamsala (Norte da India), onde tem sua sede o Governo tibetano no exílio.

O garoto, entronizado em 1992 como 17º Gyalwa Karmapa, é uma das raras figuras religiosas reconhecidas tanto pelo governo chinês como pelo chefe espiritual exilado dos tibetanos.

Sua partida secreta da China aparece para os analistas em Pequim como uma derrota para a China, que se esforçou para apresentar uma alternativa à influência do Dalai Lama.

``Está claro que se trata de uma fuga para o exílio', declarou em Pequim, um especialista em questoes bitetanas, que pediu para manter o anonimato.

O governo chinês admitiu sua partida, sem reconhecer que havia desertado.

Segundo um porta-voz chinês, o Karmapa deixou uma carta a seu mosteiro, na qual comunica sua intençao de viajar ao ``estrangeiro' com a finalidade de procurar instrumentos musicais utilizados na liturgia budista.

``Isto nao significa trair o Estado, a Naçao, o mosteiro, nem os dirigentes', afirmou em sua carta citada pela agência Nova China.

Uma página Internet da Fundaçao Tsurphu, estabelecida nos Estados Unidos, indicou que o ``Buda vivo' e alguns acompanhantes haviam chegado a Dharamsala após uma caminhada de sete dias.

O menino havia sido entronizado em setembro de 1992 no mosteiro de Tsurphu. Foi a primeira vez que o governo chinês reconheceu a reencarnaçao de um ``Buda vivo', tentando assim iniciar o diálogo com o governo tibetano no exílio.

O 16º Karmapa desertou em 1959, ano do levante de Lhasa contra a presença chinesa, que foi sufocado de forma cruenta por Pequim e levou ao exílio o Dalai Lama.

O 16º Laraá se estabeleceu no mosteiro de Rumtek em Sikkim (Norte da India) e morreu em 1981.