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Arruda confessa envolvimento na quebra de sigilo
Do Diário OnLine
23/04/2001 | 16:10
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O ex-líder do governo no Senado José Roberto Arruda (PSDB-DF) admitiu, nesta segunda-feira, que consultou a ex-diretora do Prodasen Regina Borges sobre a possibilidade de o painel eletrônico do Senado ter seu sigilo violado, mas negou que ele e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediram a quebra do sigilo do sistema na sessão que cassou o mandato de Luiz Estevão.

O senador retornou ao plenário e, em um discurso emocionado, voltou atrás nas declarações que fez na semana passada, antes do depoimento da ex-diretora do Prodasen, de que não teria conhecimento algum sobre a adulteração do sigilo do painel no dia 28 de junho de 2000, quando o mandato de Estevão foi cassado em votação secreta. Arruda admitiu que recebeu a lista dos votos das mãos de seu assessor, Domingos Lamoglia, e que ele e ACM leram a relação.

Arruda afirmou que, em conversa com o então presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), no gabinete da presidência da Casa, ambos levantaram a dúvida sobre a possível fragilidade do painel eletrônico do Senado e de os votos secretos serem conhecidos por técnicos do Prodasen. O tucano disse que, a pedido de ACM, encontrou-se com Regina em seu apartamento em Brasília e questionou se ela tinha conhecimentos sobre qualquer tipo de falha no sistema. Ele negou, porém, que o encontro tenha ocorrido na véspera da votação, dia 27, conforme Regina relatou em seu depoimento.

Segundo Arruda, em princípio, a ex-diretora do Prodasen negou conhecer fragilidades no sistema, mas se comprometeu a verificar a possibilidade com técnicos. “Eu não pedi, muito menos determinei que em meu nome ou em nome do senador Antonio Carlos que ela obtivesse a lista. Eu apenas a consultei para saber se havia essa possibilidade”, afirmou.

De acordo com o senador, Regina não lhe deu resposta e voltou a entrar em contato com ele somente no dia da votação, quando ela ligou dizendo que tinha algo a entregar. Arruda afirmou que, sem saber do que se tratava, pediu para que seu assessor fosse ao encontro da ex-diretora, que entregou a lista a ele. “O Domingos realmente me entregou um envelope pardo (como relatou Regina) e lá estava a lista”, confirmou. O senador disse que, logo em seguida, procurou ACM e lhe entregou o relatório. “Ele conferiu os votos. Juntos fizemos comentários e ele ligou para Regina para agradecer. A lista ficou com ele”, disse Arruda, ressaltando que não se lembra dos votos, que não tirou cópia da lista e nem comentou o assunto com ninguém.

O ex-líder justificou sua decisão de admitir seu envolvimento no episódio afirmando que se continuasse com a mesma versão de antes não conseguiria sustentá-la e insistiria em um segundo erro. “Dificilmente conseguiria comprovar cabalmente como as coisas aconteceram”. Arruda ressaltou que, no início, porém, ele e ACM não viram outra saída a não ser negar o envolvimento.

Arrependimento - O senador chorou durante o discurso e admitiu ter se arrependido por ter se deixado levar ao que chamou de “curiosidade mórbida”. “Se não tive um comportamento coerente ao me deixar levar por uma curiosidade, que pode ter sido até mórbida, não serei indigno de relatar o que tenho conhecimento”. Encerrou pedindo desculpas. “Me desculpem senadores, me desculpe Brasil. Eu lamento e assumo minha parcela de responsabilidade. E aos meus filhos: não precisam ter vergonha de mim”, afirmou chorando.




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