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Mappin e Mesbla podem fechar caso empréstimo nao seja liberado
Do Diário do Grande ABC
25/05/1999 | 13:19
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O reestruturador do Mappin e da Mesbla, José Paulo Amaral, disse nesta terça-feira que se as empresas nao conseguirem um empréstimo de R$ 100 milhoes para comprar mercadorias, as duas podem fechar em cerca de 45 dias. Amaral revelou que fez uma proposta para os seis detentores de ativos do Mappin (recebíveis, debêntures e açoes) emprestem R$ 17 milhoes cada um para arrecadar o total necessário.

A GE Capital tem R$ 110 milhoes em recebíveis; a Funcef tem R$ 105 milhoes em açoes, debêntures e opçoes; o Bradesco tem R$ 100 milhoes em debêntures e açoes; o BNDES tem R$ 84 milhoes em açoes, debêntures e opçoes; a Previ e o Banco do Brasil DTVM têm R$ 48 milhoes em açoes e opçoes; e o Centrus (fundo de pensao dos funcionários do Banco Central) tem R$ 34 milhoes em açoes de debêntures.

Segundo Amaral, a GE Capital e o Bradesco aceitaram emprestar o dinheiro. O BNDES considerou insuficientes as garantias e nao aceitou a proposta. Os demais acompanharam a decisao do BNDES. As garantias oferecidas sao a marca Mappin-Mesbla e o direito sobre os pontos comerciais.

A dívida de curto, médio e longo prazos do Mappin e da Mesbla chega a R$ 1,12 bilhao, sendo 30% de impostos, 30% com bancos de debenturistas, 25% com fornecedores e 5% com aluguéis e prestadores de serviços. De acordo com José Paulo Amaral, o empréstimo de R$ 100 milhoes que as empresas estao tentando levantar servirá para comprar mercadorias, para que as lojas possam continuar funcionando e gerando recursos para pagar os funcionários, aluguéis e despesas operacionais.

Além disso, parte do dinheiro seria utilizada para a realizaçao de uma auditoria independente nas contas das empresas. Amaral revelou que há dois grupos estrangeiros (um americano e um europeu) interessados na compra das redes varejistas. Para que comprassem, no entanto, seria necessário que conhecessem os passivos e ativos das empresas. Amaral disse que as empresas têm patrimônio líquido negativo, ou seja, têm mais dívidas que ativos.

O reestruturador do Mappin e da Mesbla disse que todo o valor que for obtido com uma possível venda das redes será usado para pagamento de dívidas. O empresário Ricardo Mansur nao tem mais qualquer poder de decisao sobre o Mappin e a Mesbla, apesar de ainda ser detentor de 45% do capital do Mappin e de 81% do capital da Mesbla. Segundo explicou o reestruturador das redes, José Paulo Amaral, os acionistas das empresas, em assembléia, decidiram conceder a ele, Amaral, totais poderes de administrar as empresas por meio de uma açao especial (golden share).

Amaral explicou que Mansur nao tem mais poder porque as açoes que detém nao têm qualquer valor de mercado. "Se as empresas forem compradas, as açoes de Mansur ficarao ainda mais diluídas porque o novo controlador provavelmente fará um aporte de capital". Amaral considera que o mercado e os credores obrigaram Mansur a abrir mao do controle das empresas, sugerindo aos acionistas a concessao da golden share para Amaral.

O executivo foi responsável pelo plano de reestruturaçao que tirou a Mesbla da concordata entre 95 e 97.




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