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Marinheiros britânicos libertados pelo Irã chegam a Londres
Da AFP
05/04/2007 | 17:54
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Os 15 marinheiros britânicos presos no dia 23 de março pela Marinha do Irã e libertados na última quarta-feira chegaram nesta quinta-feira à Inglaterra. Os militares, entre eles uma mulher, mantidos durante 13 dias sob custódia iraniana sob acusação de terem invadidoAFP suas águas territoriais, desembarcaram no Aeroporto Internacional de Heathrow, em Londres, provenientes de Teerã.

Apesar dos momentos de tensão, o grupo se mostrou descontraído e principalmente relaxado. No final da tarde, antes de seguirem para a base militar de Chiveno para o reencontro com os familiares, os militares divulgaram uma nota conjunta em que afirmam que o cativeiro foi "muito difícil", mas que "aprenderam a lição" e se encontravam "extremamente felizes de estar de volta".

A prisão dos marinheiros causou grave problema diplomático entre os dois países. Ao libertar os militares, o governo iraniano justificou a decisão devido um pedido de desculpas do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, expresso por meio de uma carta. Blair, no entanto, negou a existência de tal pedido e desmentiu qualquer tipo de "transação" para libertar o grupo de oficiais. "Não houve nenhum acordo de qualquer tipo."

Além disso, mesmo celebrando o fato de que "novas linhas de comunicação tenham sido abertas" com a República Islâmica, Blair fez um alerta, denunciando "os elementos do regime iraniano que apóiam, financiam, armam e sustentam o terrorismo no Iraque". O primeiro-ministro britânico avaliou ainda que a comunidade internacional deve continuar "absolutamente inabalável" em relação ao programa nuclear iraniano.

Após uma saída de Teerã sob os holofotes da imprensa, com os marinheiros exibindo os presentes que ganharam diante das câmeras, sua volta para a Grã-Bretanha foi relativamente discreta. Na base de Chivenor, eles reencontraram suas famílias, protegidos do assédio dos jornalistas. Sob um céu azul e com uma temperatura de meia-estação, pais, mães, primos, avôs e avós puseram fim a duas semanas de angústia.

Faye Turney, a única mulher do grupo, bastante utilizada por Teerã em sua guerra midiática e retórica, deixou seus cabelos loiros presos na nuca. Ao abraçar vários colegas, ela enxugou uma lágrima. As famílias e os ex-reféns jantaram juntos e, depois disso, os marinheiros foram fazer exames médicos.

No anúncio surpresa da libertação dos militares na quarta-feira, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, a apresentou como um "presente" de Páscoa, alegrando os britânicos, satisfeitos com o desfecho feliz de uma crise diplomática que foi desbloqueada após as discussões bilaterais de alto nível entre Londres e Teerã.

Ali Akbar Velayati, principal conselheiro do guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, também comemorou o fato do governo da Grã-Bretanha ter apresentado uma carta de desculpas a Teerã. "A República Islâmica do Irã alcançou seus objetivos ao perdoar os militares britânicos", declarou Velayati.

"Alguns relacionam esta libertação com o ultimato de 48 horas dos britânicos, enquanto o Irã havia imposto como condição a aceitação da violação (das águas territoriais) e desculpas", disse. "Um dia antes da libertação dos marinheiros, o primeiro-ministro britânico (Tony Blair) enviou uma carta pedindo desculpas a Teerã", acrescentou.

Em mais um capítulo da novela anglo-iraniana, a rede 'Sky News' divulgou nesta quinta-feira o depoimento de um dos marinheiros, gravado uma semana antes de sua captura, no qual Chris Air afirmou que um dos objetivos de sua missão no Golfo era coletar informações de inteligência sobre o Irã.

Os 15 marinheiros foram acusados pelo governo iraniano de entrar nas águas territoriais de Teerã no Shatt al-Arab, rio que divide Irã e Iraque, no dia 23 de março. A Grã-Bretanha garantiu que, na data, os oficiais realizavam uma patrulha de rotina em águas iraquianas sob ordens da ONU (Organização das Nações Unidas) e se negou a pedir desculpas oficiais.

Os marinheiros pediram, porém, desculpas na TV iraniana e admitiram ter entrado em águas iranianas. Também insistiram que foram bem tratados durante o período de detenção. As imagens provocaram uma grave crise entre Irã e Reino Unido, já que Londres considera que seus militares falaram sob coerção.

As relações entre o Irã e a comunidade internacional também pioraram, depois da aprovação em março de novas sanções do Conselho de Segurança da ONU contra a república islâmica relativas a seu programa nuclear. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também celebrou o retorno dos militares britânicos para casa, mas não quis comentar o gesto do Irã.




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