Apesar de a afirmação ser tranqüilizadora – pois reforça a tese de que as cartas contendo o pó branco que já contaminou mais de quarenta pessoas nos Estados Unidos podem não ter transportado cepas modificadas da bactéria –, os cientistas da USP relutam em afirmar com certeza que os norte-americanos estão lidando apenas com o Bacillus anthracis puro. Tudo porque mais de uma dezena de países do mundo – entre eles Irã, Iraque, Coréia do Norte e Rússia – realizaram ou realizam experiências com armas biológicas e bacteriológicas.
Se os cientistas que analisam o bacilo concluírem que o antraz foi ‘turbinado’ será preciso descobrir como a bactéria modificada chegou aos Estados Unidos deixando laboratórios que, teoricamente, obedecem a preceitos de segurança máxima. A resposta virá nas próximas semanas com mais exames e com a evolução do quadro clínico das pessoas já infectadas.
“Manipular geneticamente o DNA do bacilo teria por objetivo obter colônias com maior quantidade de esporos e grupos mais resistentes aos antibióticos. O resultado prático seria o aumento das chances de propagação, contágio e efeitos mais devastadores da infecção sobre os seres humanos”, afirmou Yanaguita.
Brasil – O diretor do Centro Nacional de Epidemiologia da Funasa (Fundação Nacional da Saúde), dr. Jarbas Barbosa, afirma que, apesar de nenhum país estar imune ao antraz, “é pouco provável que o Brasil venha a ser alvo de um ataque de bioterrorismo”. Mesmo assim, ele diz que o Ministério da Saúde está adotando todas as medidas necessárias de prevenção, com base em recomendações internacionais. “Temos capacidade de detectar rapidamente o antraz e conter sua propagação. Até o momento, nenhum exame deu resultado positivo no país.”
Nos contatos diários por telefone com o ministro da Saúde, José Serra, Barbosa tem relatado a preocupação com o crescente aumento no número de envelopes contendo pó branco que têm ‘pipocado‘ pelo país. “Trotes ou não temos de verificar todos”, disse. Para isso, a partir desta semana, o Ministério da Saúde deve anunciar o cadastramento de mais cinco laboratórios aptos a realizar exames de eventuais envelopes contendo pó branco. No momento, apenas a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, têm analisado as amostras.
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