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ESPECIAL LULA: de Garanhuns ao sindicato
Do Diário do Grande ABC
27/10/2002 | 20:36
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Luiz Inácio da Silva comemora o aniversário em duas datas: ele nasceu em 27 de outubro de 1945, na cidade pernambucana de Garanhuns (o apelido Lula só entraria oficialmente em seu nome 37 anos mais tarde, para não confundir seus eleitores), mas quem o registrou deu a data de 6 de outubro do mesmo ano – por coincidência, as mesmas datas em que se realizaram o 1º e 2º turnos. Pouco antes de seu nascimento, seu pai, Aristides Inácio da Silva, abandonou a família para ser estivador no Porto de Santos, em São Paulo. Lula nasceu em casa, com a ajuda de uma parteira, e foi o penúltimo dos oito filhos de Eurídice Ferreira de Melo. Ele passou os primeiros anos da infância nas terras da família, onde ajudava na plantação de feijão, milho e mandioca, cultivados para o sustento da mãe e dos irmãos.

Segundo a professora da USP (Universidade de São Paulo) Denise Paraná, que lança nos próximos dias uma biografia sobre o presidente eleito pela editora Fundação Perseu Abramo, sua vida foi marcada por muitas dificuldades e pela superação dessas adversidades. Em 1952, Lula, a mãe e cinco irmãos viajaram 13 dias de ‘pau-de-arara’ do Nordeste para o litoral paulista. Durante a viagem, Lula não trocou de roupa nenhuma vez e a alimentação era basicamente farinha, queijo e rapadura. Só aos dez anos, em 1955, ele foi para a escola. Aluno do Grupo Escolar Marcílio Dias, em Santos, ajudava a mãe como engraxate e vendendo amendoim, laranja e tapioca na estação da barca de Santos.

A mudança para São Paulo aconteceu em 1956, aos 11 anos, quando Lula foi morar na Vila Carioca. Um ano mais tarde, arrumou seu primeiro emprego como ajudante em uma tinturaria. Em 1959, conseguiu registro em carteira ao empregar-se na firma Armazéns Gerais Colúmbia. Aos 15 anos, começou a carreira de metalúrgico, em uma fábrica de parafusos chamada Marte. Na mesma época, obteve o diploma de torneiro mecânico no Senai do Brás, em São Paulo. Em 1964, começou a trabalhar na Metalúrgica Independência, onde sofreu um acidente com uma prensa e perdeu o dedo mínimo da mão esquerda.

Lula pisou pela primeira vez no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema em 1967, aos 22 anos, quando trabalhava nas Indústrias Villares. Na fábrica, ele era conhecido como Taturana, segundo o metalúrgico e amigo de Lula Armando Fagundes. “Era considerado um dos melhores funcionários. Um dos poucos que sabia trabalhar em todos os 42 tornos da fábrica e sabia conversar de um jeito fácil, expressava bem o sentimento do pessoal”, disse.

Foi ao sindicato a convite do irmão José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, que era militante do antigo PCB. Denise conta na biografia que Lula não se interessava na época pelo sindicato e odiava política, mas como o irmão não poderia se candidatar – já havia outra pessoa na chapa da mesma empresa dele –, foi convencido a garantir espaço no sindicato.

Em 1969, foi eleito diretor de base do sindicato. No mesmo ano, casou-se pela primeira vez com Maria de Lourdes da Silva, de quem ficou viúvo no ano seguinte. A mulher morreu no oitavo mês de gravidez, assim como seu filho. Em 1972, elegeu-se primeiro secretário do Sindicato, responsável pela área de previdência social.

No ano seguinte, 1973, Lula conheceu a atual mulher, Marisa Letícia da Silva, também viúva, no Sindicato dos Metalúrgicos. Marisa tinha ido dar entrada na pensão do marido, assassinado quando ela estava grávida. O casamento com Lula aconteceu em 23 de maio de 1974, somente no civil. A cerimônia religiosa aconteceria quatro anos mais tarde.

Casado com Marisa até hoje, ele têm três filhos: Fábio Luís, 27 anos, biólogo; Sandro Luís, 24, estudante de biologia; e Luís Cláudio, 17, estudante do ensino médio. Lula adotou Marcos Cláudio, 31, designer gráfico, filho do primeiro casamento de Marisa. Lula tem ainda Lurian, 28, jornalista, filha de um envolvimento com Mirian Cordeiro, antes de se casar com Marisa. Além dos filhos, Lula tem três netos: Maria Beatriz, filha de Lurian; Thiago, filho de Marcos; e Ashtar, de Sandro.

O pai de Lula foi enterrado como indigente, em Santos, em 1977. Morreu de cirrose hepática e Lula só soube de sua morte bem mais tarde.




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