A notícia é boa. Os fatos que a geraram é que não são tão animadores como pode parecer à primeira vista. O Grande ABC fechou 2015 com a balança comercial positiva, ou seja, as empresas da região venderam mais para o Exterior do que investiram na compra de produtos vindos de fora. Tal ocorrência se deu pela última vez em 2013.

Recuperação? Motivos para comemorar? Nem um, nem outro. Mesmo com o superavit de US$ 824,1 milhões, as vendas para outros países tiveram baixa de 7,5%. O saldo foi favorável porque as importações caíram ainda mais. Nos 12 meses do ano passado compramos 28,5% menos do que no exercício anterior.

O resultado obtido então se resume a mero jogo de números, pois nossas empresas caminharam para trás tanto em exportações quanto importações. Culpa da crise, cujos reflexos são sentidos todos os dias pela população, que vê seus ganhos minguando e as contas, principalmente as de consumo, como luz, água e impostos, crescendo vertiginosamente.

Especialista ouvido por este Diário destaca que balanço positivo é interessante quando estimula a competitividade, o que não é o nosso caso. Entretanto, com o dólar na casa dos R$ 4, cresce o interesse pelos produtos feitos por aqui, pois se tornam atraentes a investidores de outras praças e isso pode contribuir para a manutenção dos empregos.

A análise mais atenta da situação mostra ainda que, das sete cidades, apenas em duas a conta fechou no azul. São Bernardo, que possui cinco montadoras de veículos, e Ribeirão Pires, pela fabricação de armas e munições. Nas demais, ficou no vermelho.

Estamos no início do ano, ou melhor, perto dele, se levarmos em conta que a vida retoma a normalidade no Brasil somente após o Carnaval. Temos tempo para reação, mas isso depende de ações concretas também na esfera política. O último ano merece ser esquecido.