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Antônio Petrin faz 35 anos de teatro
Mauro Fernando
da Redaçao
31/10/2000 | 18:56
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Ator engajado e com vínculos inquebráveis com o Grande ABC. Esse é Antônio Petrin, cuja trajetória artística está completando 35 anos. O ator, para quem o teatro é "uma tribuna" e um meio para "transformar a sociedade", está com personagens novos no cinema e na TV. Mas ainda nao enterrou A Ultima Gravaçao de Krapp, de Samuel Beckett, com direçao de Francisco Medeiros.

Petrin acabou de encerrar sua participaçao nas filmagens de Sonhos Tropicais, que deve chegar às telas no fim de 2001. O ator interpreta o judeu Rotschild na película de estréia de André Sturm como diretor. Entre outras perversidades, Rotschild estupra uma judia, vivida por Carolina Kasting, trazida da Polônia para o Brasil e forçada à prostituiçao.

Personagens cruéis nao sao novidade para Petrin. Carlao, que a sinopse de Anjo Caído do Céu, próxima novela da Globo das 19h, assinala como "mal-humorado e truculento", é mais um na sua galeria.

A presença do ator no panorama artístico do Grande ABC é inegável. Petrin participou da inauguraçao dos principais aparelhos culturais de Santo André. Na abertura do Teatro Municipal, em 1971, atuou em A Guerra do Cansa-Cavalo, de Osman Lins, sob direçao de Celso Nunes.

O Teatro Conchita de Moraes também foi entregue nos anos 70. Petrin dirigiu A Cidade Assassinada, de Antonio Callado. No Cine-Teatro Carlos Gomes, reinaugurado durante a primeira gestao do prefeito Celso Daniel, Petrin dirigiu Nosso Cinema, de Luís Alberto de Abreu.

Um dos espetáculos que marcaram época no Grande ABC foi Jorge Dandin, de Molière. Com direçao de Heleny Guariba - desaparecida durante o regime militar - e Sonia Braga no elenco. Petrin, é claro, estava lá. "Sonia tinha 17 anos", lembra.

É por conta desse histórico na regiao, especialmente em Santo André, que o ator cobra uma comemoraçao especial para o 30º aniversário do Municipal andreense, no ano que vem. Petrin considera que esse "pode ser um momento importante para a cidade". Um convite para o ator participar da festa - com alguma montagem, preferencialmente - deve, pois, receber um sonoro sim.

Para ele, o melhor prêmio para um ator é o "trabalho constante". Petrin, que ganhou, entre outros, o de revelaçao pela atuaçao em O Homem de la Mancha, diz que prêmios mexem com o ego, mas sao perigosos. "Podem achar que você vai pedir muito dinheiro para fazer um trabalho e nao te chamarem", explica.

As leis de incentivo à cultura, que privilegiam quem vive sob os holofotes da mídia, estao na sua mira. "Nao há patrocínio para obras de vanguarda, sem elenco global. O capitalismo selvagem nao tem compromisso com a cultura, mas com o produto", dispara. O ator defende a criaçao de mecanismo que forneça ingressos gratuitamente para moradores das periferias.




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