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Relatos da trajetória da independência de São Caetano
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
02/06/2009 | 07:00
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Um capítulo importante da história de São Caetano, desconhecido até por parte da população, é o mote de "Autonomistas", documentário que a Blá Filmes acaba de finalizar. Pelo delicado retrato, é possível vislumbrar as mudanças do município em 60 anos. Se hoje a cidade se orgulha de ter o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País, em 1948, quando a independência de Santo André se concretizou, sofria com a falta de infraestrutura: não havia esgoto e as ruas eram de terra.

Idealizado pelo diretor e roteirista Marcos Galinari e pela produtora executiva Simone Affonso, com experiência em publicidade e moradores do município, o filme revisita a trajetória do movimento que resultou na emancipação político-administrativa do então 2º Subdistrito da vizinha Santo André. "Tínhamos a vontade de fazer um documentário e várias ideias. Optamos pelo primeiro filme ter como tema a cidade porque somos daqui. Reforçou a vontade o fato de muitas pessoas não conhecerem toda essa trajetória", conta Galinari.

MOVIMENTO JOVEM - Em 1944, o município abrigava grandes indústrias e contava com excelente receita. Porém, essa arrecadação não se refletia para a população do 2º Subdistrito, já que a verba era toda repassada à sede, em Santo André. "São Caetano era uma cidadezinha horrorosa, pior do que a periferia de São Paulo", contou o jornalista Mário Porfírio aos documentaristas. "O movimento foi sobretudo jovem. Eles tinham de ir de trem até São Paulo para estudar, porque não havia muita opção por aqui. O questionamento era grande", ressalta Galinari.

O processo de produção contou com relatos valiosos de alguns líderes autonomistas, o que acrescentou um bem-vindo viés humano a uma série de acontecimentos que afetaram o desenvolvimento de toda a região. "Quisemos sempre priorizar o olhar de quem estava lá", diz Galinari. Nesse sentido, depoimentos como os de Olga Montanari (que viria a ser a primeira mulher a se eleger vereadora na cidade) e de Porfírio colaboraram muito e ilustram bem todo o processo, do abaixo-assinado ao plebiscito que decidiu pela independência até a eleição do primeiro prefeito, Ângelo Rafael Pellegrino.

Exemplo interessante é a história que Dona Olga contou sobre o dia da posse de Pellegrino. Os líderes autonomistas perceberam que a Prefeitura havia sido limpa pelos administradores de Santo André. Para que o prefeito pudesse despachar, a única mulher do movimento teve de ser rápida. "Pedi para um contínuo ir até minha casa, que era perto, buscar a minha mesa da cozinha e uma cadeira e fui à feira comprar um buquê de flores", relembra.

EXIBIÇÃO - A produtora é associada à TAL (Televisión América Latina), que deve exibir Autonomistas com legendas em espanhol em vários países da América do Sul. "Só falta receber o calendário de exibição", comemora Galinari.

De olho no gênero documentário, a dupla já trabalha na pré-produção de Capitão dos Índios, título que conta a história de Manuel Vicente D'Anunciação, português que chegou ao Brasil nos idos de 1820, acumulou riquezas no País e simplesmente desapareceu, depois de supostamente ter depositado todo o dinheiro em um banco na Inglaterra. "O interessante é que até hoje os parentes tentam provar a existência dessa herança", diz Galinari.




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