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Alexandre Borges: galã seduzido
Gabriela Germano
Da TV Press
22/02/2009 | 07:00
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Divulgação


Alexandre Borges sempre arrebatou o coração das mulheres com seus personagens. Mas em Caminho das Índias, na pele de Raul, o jogo se inverteu. Nas ruas, o ator continua atiçando as fãs. Mas na ficção, o personagem se deixou levar pelos encantos da psicopata Yvone, de Letícia Sabatella, e terá de arcar com as consequências. "O Raul vai dançar nas mãos dela", adianta o intérprete.

Se o casal de protagonistas da novela das nove ainda não decolou, a história entre os personagens de Alexandre Borges e Letícia Sabatella estourou desde o início. O ator não esconde a satisfação de ver um trabalho repercutir logo de cara, mas diz que começar uma novela com um personagem quente tem seus riscos. "A história já chegou acontecendo. Não é um personagem que cresce aos poucos. Então tive que apostar em um estilo e confiar que ia dar certo", explica o ator.

A julgar pela resposta do público, deu certo. Mas Alexandre diz que o fato de fazer par romântico pela terceira vez com a atriz Letícia Sabatella - eles já contracenaram em A Muralha e Desejo Proibido - não facilita nesse sentido. "A Letícia é muito profunda e absorve os personagens. Mudamos muito de um papel para outro e não há como pré-estabelecer uma fórmula achando que sempre vai funcionar", explica Alexandre.

O papel do sedutor você já interpretou algumas vezes em novelas. Como é agora ser o seduzido da história?
ALEXANDRE BORGES - Acho bem interessante. Porque o Raul é um personagem frágil emocional e psicologicamente. Ele está tentando mudar sua vida e sente que ninguém o entende. Aí chega a Yvone e percebe todas as suas fraquezas. Diz as coisas que ele quer ouvir na hora em que ele deseja ouvir. Por isso ele se deixa levar. Acredito que Raul reflete bem o homem contemporâneo e gosto da possibilidade de abordar isso na novela.

Você acredita que os homens de hoje se identificam com seu personagem?
BORGES - Nós vivemos uma época de muita competição. As pessoas estão sem religiosidade, não há espaço para a espiritualidade. Todo mundo é pouco equilibrado e centrado em si mesmo. Meu personagem traz essa discussão. O Raul é um estressado, quase um depressivo. Ele ficou anos trancado em uma empresa para dar boas condições de vida à mulher e à filha. Só que percebeu que não é feliz. E quando uma pessoa chega a essa conclusão, às vezes acaba atropelando gente ao seu redor. Passa por egoísta e individualista. Não faço o personagem para que as pessoas torçam por ele, mas quero que entendam o que o levou a tomar essas atitudes.

E pela resposta, até agora, você acha que estão entendendo?
BORGES - O público masculino reage de maneira diversa do feminino. E estou gostando de explorar esse universo. Estamos mostrando um casal com todas as suas nuances. Briga, desgaste, renovação da união, o que significa para um homem ter apenas uma mulher na vida. Novela é um produto bem feminino, mas adoro mostrar o lado masculino da questão. Há momentos em que ele tenta recuperar a mulher. Faz um convite para um jantar mas aí ela diz que vai levar a amiga junto! A gente quer passar a idéia de que a Yvone é a grande responsável por essa separação. Queremos valorizar o casamento e faço isso de maneira muito natural.

O casamento de 15 anos com a atriz Julia Lemmertz ajuda nessa composição?
BORGES - Sou casado com a Julia há 15 anos, tenho um filho, estou com 43 anos de idade e também passo por minhas crises, minhas dúvidas. Daqui a pouco chego aos 50 anos. A tal da crise da meia-idade que tanto dizem não é brincadeira, não.

 

Ser um ator que fascina tanto as mulheres não ajuda a amenizar essa crise da meia-idade?
BORGES - Eu sou um homem casado, mas adoro as mulheres. Acho importante saber se relacionar com elas. Conviver bem com amigas, tratar bem as fãs. O carinho do público feminino é algo que me estimula, sem dúvida. Mas geralmente o assédio por parte delas é bem respeitoso.

Em algum momento o papel do galã o incomodou?
BORGES - Não, e sempre me preparo quando vou cumprir essa função. Alguns falam da dificuldade de encontrar galãs, mas acho que hoje temos uma variedade maior. Lembro-me da época em que alternavam Tarcísio Meira com Francisco Cuoco e às vezes colocavam o Cláudio Marzo no meio. De qualquer forma sempre procuro estar bem. Cuidar da imagem, ter uma preocupação com o cabelo, com o figurino, com a postura.

Você é capaz de pontuar os personagens mais marcantes em sua carreira?

BORGES - Na TV, minha carreira é dividida em antes e depois do Danilo, de Laços de Família. Ele era engraçado, mulherengo, tinha a história de agarrar a empregada e sem dúvida chamou muito a atenção. Mas antes disso fiz o Guilherme de A Muralha, que foi bem especial. Já A Próxima Vítima marcou por ser a primeira novela na Globo. Entrei no meio, mas contracenava com a Cláudia Ohana e a Rosamaria Murtinho. Era filho adotivo e amante dela. Essa história bombou. O alcoólatra de Celebridade foi dos mais difíceis. Me deixava exausto e eu sofria muito por causa da relação dele com o filho. E além disso adorei fazer o Plácido em Amazônia - De Galvez a Chico Mendes. A verdade é que adoro fazer televisão.

Mas você tem uma formação teatral e fez cinema antes de estrear na TV. O que te fascina nesse veículo?
BORGES - A qualidade da equipe com que você trabalha na TV é maravilhosa. Todo mundo é filet mignon na área em que atua. Sempre vi e gostei de TV e o que mais me fascina é o fato de ser um veículo popular. Muitas vezes você tem de ser bem claro para que todos o entendam e isso é um exercício interessante. Fora que eu gosto mesmo é de falar diretamente com o povo. O envolvimento que o público tem com a TV é muito legal. Uma hora nos amam e em outra nos odeiam.

Trajetória televisiva
Guerra Sem Fim (Manchete, 1993) - Cacau
Incidente em Antares (Globo, 1994) - Padre Pedro Paulo
Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados (Globo, 1995) - Luis Cláudio
A Próxima Vítima (Globo, 1995) - Bruno
Quem é Você (Globo, 1996) - Afonso
Zazá (Globo, 1997) - Solano
Pecado Capital (Globo, 1998) - Nélio
Mulher (Globo, 1999) - João Pedro
A Muralha (Globo, 2000) - Guilherme
Laços de Família (Globo, 2000) - Danilo
As Filhas da Mãe (Globo, 2001) - Leonardo
O Beijo do Vampiro (Globo, 2002) - Rodrigo
Celebridade (Globo, 2003) - Cristiano
Belíssima (Globo, 2005) - Alberto
Amazônia - de Galvez a Chico Mendes (Globo, 2007) - Plácido de Castro
Desejo Proibido (Globo, 2007) - Escobar
Caminho das Índias (Globo, 2009) - Raul




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