Tem mais de 20 anos que ele corre em volta de uma mesa na tentativa de cercar uma pequena bolinha branca que passa em alta velocidade e, vez ou outra, insiste em cair. Neste tempo, já percorreu o mundo e se mantém como o principal jogador de tênis de mesa do país. Em 2004, cumpre quase que uma rotina e vai a sua quarta Olimpíada. Este é Hugo Hoyama, 34 anos, número um do ranking brasileiro, que começou a jogar na escolinha do Primeiro de Maio, São Bernardo, e como ele mesmo diz, hoje é tiozinho do tênis de mesa.

Na carreira, já enfrentou de tudo, desde os chineses que dominam a modalidade e hoje estão em todas as partes do planeta jogando com outras nacionalidades, até a falta de apoio que os esportes considerados amadores enfrentam no país do futebol. “Olha, não sei como eu consegui sobreviver até hoje.”

Hoyama continua como ponto de referência para os demais integrantes da equipe brasileira. À frente da nova geração, que tem Thiago Monteiro, Hugo Hanashiro, Kazuo Matsumoto e Reinaldo Yamamoto, ele comandou a classificação da equipe nacional para os Jogos Olímpicos de Atenas e a conquista do Mundial do Catar.

Pela quarta vez participa da Olimpíada, e novamente terá a chance de tentar a realização de seu sonho: a conquista da medalha. Entretanto, tem consciência de que, mesmo com a experiência adquirida, dificilmente subirá ao pódio. “Eu sei das dificuldades. Se fosse fácil, eu já teria conquistado”, afirma ele, que teve como melhor resultado o nono lugar em Atlanta/96.

Esta deve ser a última participação do mesa-tenista numa Olimpíada e, por isso, ele classifica Atenas como “especial”. “Eu vou me preparar ainda mais para esta disputa. Em Barcelona/1992, fui mais deslumbrado por ser a primeira vez. Em Atlanta/96, estava bem preparado. Para Sydney/2000, a preparação não foi tão boa assim. Por isso, as coisas não deram certo.”

Hugo evita falar em encerrar a carreira, mas garante que em 2007 estará em ação nos Jogos Pan-Americanos do Rio . “Eu fui a cinco Pan-Americanos e ganhei oito medalhas de ouro (recordista ao lado de Gustavo Borges, na natação). A chance de jogar no Brasil, para a torcida e com a chance de quebrar este recorde, qual atleta não gostaria? Quanto à Olimpíada, vem logo em seguida... Se a molecada der chance...” É esperar para ver.