Faz duas décadas que este Diário decidiu encampar a luta para salvar a Avenida dos Estados, uma das mais antigas e importantes artérias viárias do Grande ABC, do descaso com que era tratada pelos governos municipais e estadual. É triste constatar que, decorrido tanto tempo e a despeito das reiteradas cobranças deste jornal, o porta-voz oficial dos anseios da população das sete cidades, os problemas persistem ao longo dos 14 quilômetros da via que liga Mauá ao bairro paulistano do Ipiranga.

O correr dos anos não colaborou para que a situação se alterasse. A ponto de Editorial publicado há 20 anos estar impressionantemente atual. Dizia o texto, sobre a Avenida dos Estados: “Por ela (quando não chove), chega-se rapidamente ao Pólo Petroquímico de Capuava e à Zona Leste de São Paulo. É também uma importante alternativa de acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (...) Foi construída com o propósito de facilitar (mas hoje só atrapalha) as comunicações entre o Centro de São Paulo e o cinturão industrial do Grande ABC. Há alguns anos, seu perfil começou a mudar e hoje as grandes indústrias nela instaladas disputam espaço com os hipermercados e lojas de serviços. É, portanto, um corredor por onde flui (a duras penas...) grande parte da riqueza econômica da região”.

Leitor mais atento há de apontar que a única coisa que mudou daquela época para cá foi o acordo ortográfico entre países de Língua Portuguesa que aboliu a utilização do acento agudo na palavra Polo. E ele não estará nem um pouco errado.

O desprezo que os governantes de plantão dedicam à via é tanto que o presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Gabriel Maranhão (PSDB), não se constrange em assumir publicamente, de maneira até cândida, que “a reunião entre os prefeitos na minha gestão nunca discutiu os problemas da Avenida dos Estados”. Como se o tucano precisasse dizer. Os motoristas que utilizam as pistas esburacadas, mal sinalizadas e sem nenhum cuidado estão cansados de saber disso.