Política Titulo
Clóvis Volpi troca
Ribeirão pelo Estado
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
11/02/2011 | 07:30
Compartilhar notícia


O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), está de malas prontas para a superintendência da autarquia estadual Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

Ontem, a direção estadual do PV oficializou o convite ao prefeito e comunicou a decisão ao secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Edson Giriboni (PV) - Pasta onde está lotado o Daee -, que ocupa a cota da legenda no primeiro escalão do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Com a renúncia ao Paço de Ribeirão Pires, onde está desde 2005, Volpi abre caminho para disputar a Prefeitura de Mauá em 2012, como sempre desejou. Foi na cidade que iniciou sua carreira política e onde foi vereador por dois mandatos (de 1983 a 1988 e de 1993 a 1994). Também foi eleito deputado estadual e federal.

O grande empecilho do político do PV para disputar a sucessão de Oswaldo Dias (PT) no ano que vem sempre esteve na esfera jurídica, já que a legislação eleitoral impede a disputa de terceiro mandato em um cargo do Executivo, mesmo que em outra cidade.

Com a ida para o governo do Estado, Volpi entrará na eleição de Mauá na condição de servidor público estadual e não como chefe do Executivo, rompendo o obstáculo da continuidade.

A saída de Volpi do Paço de Ribeirão Pires ocorrerá ainda neste mês, quando Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), assumirá definitivamente o posto, e se coloca, desde já, como favorito para a disputa municipal em 2012.

O presidente estadual do PV, Mauricio Brusadin, disse que não há qualquer chance de a legenda abrir mão do nome do prefeito de Ribeirão Pires para a função. Volpi também conta com o apoio de deputados estaduais, federais e da direção nacional da sigla.

Para que o anúncio seja formalizado, resta apenas a OK final do secretário Giriboni, que retorna na terça-feira de viagem ao Japão. Ele, que também foi indicado pelo partido, não irá contrariar a legenda.

Entre o tucanato, a indicação do PV foi recebida com entusiasmo, já que Volpi já foi presidente estadual do PSDB. Com isso, ele passa a ser o primeiro prefeito da região a renunciar o mandato com pretensões de assumir a prefeitura de uma cidade vizinha.

 

Político diz que eleitor se sentirá orgulhoso com sua ida para Daee

 

Cauteloso, Clóvis Volpi disse que ainda espera o aval do secretário Edson Giriboni para confirmar sua ida para a autarquia estadual, mas reconhece que o fato de ser unanimidade entre os dirigentes da sigla já o coloca na função. "Recebi o convite e meu nome está à disposição. Se vier a confirmação do secretário, vou aceitar", disse.

Para ele, sua ida para São Paulo poderá ajudar a trazer mais investimentos para Ribeirão, principalmente em questões relacionadas a obras antienchente. "Vai ser muito mais importante para a região ter alguém da cidade no governo do Estado. O Daee trata de drenagem, que a região sofre muito com isso. Entendo que os moradores vão encarar isso como um privilégio.

Com a confirmação de sua saída, Volpi entende que entrega o comando do Paço a Dedé sem problemas administrativos. "A Prefeitura de Ribeirão Pires está organizada financeiramente. Nós fizemos o dever de casa e agora é preciso partir para algo maior, que é o Estado. Fico com a sensação de ter feito tudo que foi possível."

Após o anúncio oficial do governo do Estado, Volpi acredita que poderá se desligar da Prefeitura de Ribeirão Pires em dez dias.

 

PESO POLÍTICO

O presidente estadual do PV, Mauricio Brusadin, disse que só aguarda definição do secretário Edson Giriboni, que chegou a pensar em um nome técnico para a função. No entanto, o peso político de Volpi e a boa relação com parlamentares do PV e com o próprio governador Geraldo Alckmin (PSDB) evidenciam a confirmação do prefeito para os próximos dias.

"Ele é uma pessoa que tem know-how para a função. A regra é que o partido indique o nome para a superintendência do Daee. E o nome do partido é o Clóvis Volpi. Mesmo ele sendo uma unanimidade, aguardamos um pouco para qualquer tipo de anúncio." O dirigente ainda insiste: "Deixo claro que o PV não trabalha com outro nome que não seja Clóvis Volpi."

 

Dedé repetirá efeito Kassab e assumirá com mesma equipe

 

Dedé assumirá a Prefeitura de Ribeirão Pires com a missão de seguir as diretrizes de governo determinadas por Volpi. Isso significa manter o núcleo duro do secretariado do Paço, incluindo Antonio Volpi, irmão do prefeito, na secretaria de Finanças, e Guto Volpi, filho do futuro superintendente do Daee, no comando de Esportes e Turismo.

Dessa forma, Dedé irá seguir a mesma linha adotada por Gilberto Kassab (DEM), que administrou a cidade de São Paulo com o mesmo time deixado por José Serra (PSDB), que saiu, em 2006, para disputar o governo do Estado.

Em 2012, Dedé sairá candidato a prefeito com a condição de que tenha um nome a vice indicado por Volpi e que consiga garantir o apoio dos líderes políticos da cidade que garantiram as vitórias de Volpi em 2004 e 2008. "O Dedé sempre esteve do meu lado e passa a ter a responsabilidade de liderar a execução do plano de governo, que é o meu. Evidentemente que ele é o candidato natural, mas o importante é que ele tenha o sentimento de grupo", disse.

 

Saída inicia disputa pela sucessão de Oswaldo

 

A saída de Volpi da Prefeitura de Ribeirão Pires representa a largada oficial para a disputa pelo comando do Paço de Mauá, em 2012.

Petistas da cidade acreditavam que o político do PV não teria condições jurídicas para brigar pela sucessão de Oswaldo Dias (PT), justamente pela condição de representar o terceiro mandato de Volpi. Com o novo cenário, o quadro do ano que vem começa a ficar mais delineado, como uma espécie de plebiscito entre dois prefeitos experientes, mas em situações políticas diferentes.

Enquanto que Volpi deixa Ribeirão com bons índices de aprovação, Oswaldo - que está em seu terceiro mandato - enfrenta sua pior crise política desde que retornou para a cadeira. Parte do desgaste está associada à desastrosa ação da administração durante as chuvas de janeiro, que resultaram na morte de seis pessoas no município.

O petista chegou a rir, em entrevista, ao admitir que não sabia o número de pessoas que viviam em áreas de risco. Também disse que não via necessidade de visitar as famílias atingidas.

Além disso, Volpi contaria, durante a campanha, com a chancela do governo do Estado, e com a possibilidade de atrair o PSDB para a chapa majoritária. Ele iria para a disputa com a imagem de político que volta para a base eleitoral para reconstruir a cidade.

Nesse cenário, também surge o nome da deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), filha do ex-prefeito Leonel Damo, que hoje é adversária ferrenha de Volpi. Vanessa deixou o PV sob o argumento de perseguição política, segundo ela, capitaneada pelo prefeito de Ribeirão Pires. Mas o risco da parlamentar é que parte dos aliados que hoje a apoiam possa migrar para a candidatura de Volpi.

 

CONSULTA AO TSE

Com a nova conjuntura, agora caberá ao PV assegurar respaldo jurídico para a candidatura de Volpi no ano que vem. Para isso, a legenda pretende fazer consulta, o mais rápido possível, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para ter a segurança de não haver possível indeferimento da candidatura de Volpi no pleito do ano que vem.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;