A mostra que virá ao Rio é parte da que esteve na Royal Academy de Londres, no ano passado, e atualmente ocupa o Metropolitan Museum, de Nova York. Segundo Bernardo Picasso, lá estao expostas peças de colecionadores particulares, mas para o Brasil virao apenas as que lhe pertencem. Ao todo, sao 93 objetos, entre vasos, pratos e azulejos, além de pôsteres criados por Picasso para exposiçoes dessas peças e fotos dele trabalhando a cerâmica. "Posso garantir que 50% do que está em Nova York virá ao Brasil", prometeu Bernardo Picasso.
Ele contou que decidiu trazer a coleçao porque teve boas referências das grandes exposiçoes de Dalí e Monet feitas aqui. "Além disso, queremos levar a obra de meu avô para lugares onde as pessoas têm pouco contato com ela", justificou. A mostra deve ficar no Rio durante todo o mês de agosto e custará ao Consulado da França, que a promove, cerca de R$ 700 mil, incluindo a publicaçao de um livro-catálogo. O patrocínio ainda nao foi conseguido, mas o adido cultural francês, Marc Pottier, está otimista. "Afinal, nao é tanto dinheiro para uma mostra dessa importância", diz ele.
Pablo Picasso dedicou-se à cerâmica durante 25 anos, do fim da 2ª Guerra Mundial até meados da década de 60, usando o forno que o casal Ramié tinha em Vallauris, cidade da Provence. Produziu cerca de 4 mil peças e, tal como em seus quadros, fazia e refazia o trabalho, reaproveitava moldes, desenhos e chapas, tinha como temas naturezas-mortas, mulheres e palhaços e misturava diversas técnicas.
Bernardo Picasso, que nasceu em 1959, conta lembrar vagamente de ter visto o avô trabalhando com cerâmica e nesta quinta-feira acredita que ele se entusiasmou com o material porque nela podia misturar escultura, pintura e gravura em um mesmo objeto.
A mostra será organizada de forma cronológica e pedagógica, para mostrar a evoluçao da técnica de Picasso ao longo dos anos, tal como no museu dedicado a ele em Paris, e coincidirá com a exposiçao de suas pinturas do período entre guerras no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM). Marc Pottier explica que esse "festival Picasso" (que começou em março, com a Suíte Vollard, mostra de gravuras feitas nos anos 30) se deve à proximidade do fim do século. "Picasso foi o maior artista deste século e, como esse período está para acabar, é natural as pessoas sentirem mais interesse pela obra dele."
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