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Rio terá mostra de cerâmicas de Picasso
Do Diário do Grande ABC
29/04/1999 | 17:47
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Cerâmicas de Pablo Picasso serao expostas na Casa França-Brasil, no Rio, no fim de julho. As obras pertencem à coleçao particular do neto do artista, Bernardo Picasso, que esta semana encaminhou ao Rio sua assistente Claire Guerin para cuidar dos preparativos. "Por serem feitas de argila, exigem ambiente com adaptaçao específica de luz, vibraçao e umidade", explicou Claire. "A Casa França-Brasil é bonita e, apesar de nao ser um museu, é possível fazer coisas excelentes quando se tem uma boa equipe", disse.

A mostra que virá ao Rio é parte da que esteve na Royal Academy de Londres, no ano passado, e atualmente ocupa o Metropolitan Museum, de Nova York. Segundo Bernardo Picasso, lá estao expostas peças de colecionadores particulares, mas para o Brasil virao apenas as que lhe pertencem. Ao todo, sao 93 objetos, entre vasos, pratos e azulejos, além de pôsteres criados por Picasso para exposiçoes dessas peças e fotos dele trabalhando a cerâmica. "Posso garantir que 50% do que está em Nova York virá ao Brasil", prometeu Bernardo Picasso.

Ele contou que decidiu trazer a coleçao porque teve boas referências das grandes exposiçoes de Dalí e Monet feitas aqui. "Além disso, queremos levar a obra de meu avô para lugares onde as pessoas têm pouco contato com ela", justificou. A mostra deve ficar no Rio durante todo o mês de agosto e custará ao Consulado da França, que a promove, cerca de R$ 700 mil, incluindo a publicaçao de um livro-catálogo. O patrocínio ainda nao foi conseguido, mas o adido cultural francês, Marc Pottier, está otimista. "Afinal, nao é tanto dinheiro para uma mostra dessa importância", diz ele.

Pablo Picasso dedicou-se à cerâmica durante 25 anos, do fim da 2ª Guerra Mundial até meados da década de 60, usando o forno que o casal Ramié tinha em Vallauris, cidade da Provence. Produziu cerca de 4 mil peças e, tal como em seus quadros, fazia e refazia o trabalho, reaproveitava moldes, desenhos e chapas, tinha como temas naturezas-mortas, mulheres e palhaços e misturava diversas técnicas.

Bernardo Picasso, que nasceu em 1959, conta lembrar vagamente de ter visto o avô trabalhando com cerâmica e nesta quinta-feira acredita que ele se entusiasmou com o material porque nela podia misturar escultura, pintura e gravura em um mesmo objeto.

A mostra será organizada de forma cronológica e pedagógica, para mostrar a evoluçao da técnica de Picasso ao longo dos anos, tal como no museu dedicado a ele em Paris, e coincidirá com a exposiçao de suas pinturas do período entre guerras no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM). Marc Pottier explica que esse "festival Picasso" (que começou em março, com a Suíte Vollard, mostra de gravuras feitas nos anos 30) se deve à proximidade do fim do século. "Picasso foi o maior artista deste século e, como esse período está para acabar, é natural as pessoas sentirem mais interesse pela obra dele."




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