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Empresa fecha e 150 ficam sem receber
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
10/02/2011 | 07:15
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Portas fechadas e clientes aguardando para retirar resultados de exames, sem sucesso. Esse foi o quadro enfrentado ontem por pacientes e trabalhadores da empresa Biolife Serviços de Análises Clínicas, que atendia aos moradores de São Bernardo. A companhia, que tinha 150 profissionais em seu quadro, cancelou atendimento ao público nesta semana sem aviso, o que deixou trabalhadores também desnorteados.

"Não homologamos demissões, não recebemos os direitos e nem sabemos o que acontecerá daqui por diante", reclama o coordenador da unidade Fernando Dolariano.

Os problemas do espaço começaram em 2009, quando o contrato com Prefeitura de São Bernardo para atender à saúde municipal terminou. Com 99% do trabalho voltado à atender este serviço, o cancelamento do acordo dificultou o andamento dos negócios. Por isso, em manobra judicial, a empresa conseguiu estender o tempo do contrato por mais um ano, até dezembro de 2010.

"Depois começou uma maré de incertezas. Eles (a empresa) diziam que tínhamos vencido nova licitação e que o contrato continuaria, mas a própria Prefeitura nos confirmou que não era bem assim", salienta Dolariano.

Durante este tempo, colaboradores deixaram de receber benefícios como vale-transporte e cesta básica e começaram a ser moralmente assediados por diretores. "Uma funcionária que questionou o problema em reunião foi demitida na hora por justa-causa e saiu de lá amparada pela polícia", lembra outro trabalhador que prefere não se identificar.

Essa trabalhadora é a auxiliar de laboratório Thaliana de Melo, que entrou com processo judicial contra a empresa no início deste ano. "Eles disseram que fui insubordinada só porque me recusei a abandonar a reunião após ter feito a pergunta", conta.

Sem conseguir contato com a Biolife ontem, funcionários buscaram auxílio no SindSaúde ABC (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Privados de Saúde) para receber orientações sobre o que fazer nesta situação.

O fechamento, sem explicações anteriores, também gerou estranheza na entidade. O presidente do sindicato, Waldir Tadeu David, explica que a empresa chegou a agendar 70 homologações, no entanto, desmarcou a maioria sem explicações. "Estamos monitorando o que pode ser feito, mas não conseguimos qualquer contato com a direção até agora", afirma David.

Para tentar minimizar danos, o sindicato marcou para amanhã, 15h, reunião com empregados do local que também não conseguiram receber direitos ou assinar a saída em carteira. "Conversaremos com os trabalhadores e explicaremos como funciona para conseguir baixa em carteira neste caso",orienta.

PERFIL - Em rede social na internet focada no mundo corporativo, a Biolife confirma que faturamento no ano passado foi de R$ 8 milhões. No entanto, procurados ontem pela equipe do Diário, os responsáveis pelo estabelecimento não foram localizados até o fechamento desta edição. (Colaborou Alexandre Melo)

Serviço prestado aos moradores não sofreu alteração

Os serviços prestados aos são-bernardenses não sofreram alteração devido ao rompimento no contrato entre a Prefeitura e a Biolife Serviços de Análises Clínicas.

Em nota encaminhada ao Diário, o Executivo explicou que o fim do acordo entre a prestadora de serviços e a Secretaria de Saúde, ocorreu em dezembro após contratação da Labclean mediante licitação.

"Por conta da ampliação dos serviços e a inauguração de novas unidades, (a Secretaria de Saúde) preferiu fazer nova licitação para a contratação de uma empresa mais qualificada", diz comunicado da Prefeitura.

SEM DÉBITOS - Segundo o Poder Executivo, todos os serviços prestados pelo laboratório Biolife foram pagos devidamente, não existindo nenhuma pendência. A empresa era responsável pela realização de análises clínicas para a rede básica de Saúde, Pronto-Socorro Central e complexo hospitalar de São Bernardo.




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