Não há nenhuma dúvida de que a presidente Dilma Rousseff (PT) mentiu para a Nação, durante a vitoriosa campanha pela reeleição, ao assegurar que o Brasil voava em céu de brigadeiro quando, na verdade, crise econômica de proporções gigantescas roía os pilares da estabilidade duramente conquistados pela sociedade nos últimos 20 anos. A disparidade entre o mundo prometido e o que foi entregue certamente está na raiz de boa parte dos 64% de eleitores da região que, segundo consulta popular do DGABC Pesquisas, defende o impeachment da petista.

Que a maior parte dos eleitores das sete cidades queira o afastamento de Dilma da Presidência não chega a ser uma novidade. A região onde o petista nasceu e se consolidou – em 1982, Diadema elegeu o primeiro prefeito do partido – já havia votado em massa no candidato de oposição, Aécio Neves (PSDB). O primeiro ano de mandato da presidente não serviu, como se vê, para que o Grande ABC mudasse a opinião sobre ela. Pelo contrário. As divergências se acentuaram.

A hipótese de impedimento da chefe da Nação, que cresceu significativamente depois que foi admitida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deu fôlego novo à oposição, o que foi captado pelos pesquisadores. Mas a atual situação política do Brasil é tão crítica que a alternativa constitucional a Dilma, no caso o vice-presidente Michel Temer (PMDB), também não é vista com bons olhos pelos eleitores do Grande ABC consultados pelos colaboradores do instituto – nada menos que 58,4% creem que se o peemedebista assumir a Presidência da República a crise econômica persistirá.

A falta de confiança dos moradores do Grande ABC nos políticos que, em outubro de 2014, receberam o aval da maioria dos eleitores para seguir no comando do País dá ideia do desgaste sofrido pelos vencedores em tão pouco tempo. Qual os motivos por trás dessa quebra de crença em Dilma e Temer? A mentira que permeou os discursos da dupla durante a campanha eleitoral certamente tem grande impacto.