Política Titulo Manifestação
Contra impeachment, ato pede novo rumo a Dilma

Partidários da presidente exigem outra agenda econômica e política; 55 mil foram à Av.Paulista

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
17/12/2015 | 07:18
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Ricardo Trida/DGABC


Mudanças de rumo do governo federal nas esferas política e econômica, sem impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), foram a principal marca da manifestação realizada ontem na Avenida Paulista, na Capital, que contabilizou a participação de cerca de 55 mil pessoas – segundo levantamento do Datafolha –, três dias após os protestos pela queda da petista. Lideranças do Grande ABC presentes no evento defenderam que o ato serve como primeiro passo por novo pacto da presidente junto à classe política e à sociedade pela retomada do País, hoje estagnado.

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques (PT) sustentou que a atividade “pode dar força a Dilma” ao reconhecer, no entanto, que a correligionária necessita criar nova agenda na economia e garantir a estabilização do processo político. Para o sindicalista, o Planalto tem de mostrar fôlego ao Congresso Nacional e nas ruas. “É preciso ter sequência. Levamos à presidente documento com 70 movimentos pregando pela continuidade, mas cobrando frente de medidas pela retomada. Entidades veem nela liderança capaz de tomar as ações prometidas em 2014 e começar 2016 com novo astral. Não podemos ficar com esse viés paralisante.”

Ex-prefeito de Diadema e atualmente funcionário da prefeitura de São Paulo, José de Filippi Júnior (PT) alegou que a “grande tarefa agora” é se manter no cargo e alinhar novo desenho de pacto do governo para poder funcionar. “Não adianta se não for assim. Ela pode ter 180 votos para impedir o impeachment (na Câmara), e isso parece que tem, mas só isso é insuficiente”, ponderou, ao acrescentar que o ajuste necessita ser firmado, por exemplo, com a “parte saudável do PMDB, recompor com o PSB e siglas de centro-direita”. “Se tiver minoria no Congresso não conseguirá emplacar mudanças e projetos para reestruturar a economia. Precisa fazer novo desenho pela governabilidade e não perder três anos pela frente.”

Deputado estadual Luiz Turco (PT) frisou que a adesão massiva ao evento e a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), devem contribuir para a União desenvolver clima de estabilidade política. “Hoje o ambiente é instável e prejudica o andamento do governo. Esses acontecimentos unificam a agenda. Os movimentos sociais e alguns partidos de esquerda divergem de ações (do Planalto). Por isso, agora medida importante é o governo sinalizar mudança, principalmente na questão econômica. Mexer em peças e dar base.”

A passeata, organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), movimentos sociais e partidos políticos, próximos ao PT, ocorreu nos 26 Estados e no Distrito Federal. Os integrantes levantavam bandeiras e faixas de ‘Fora, Cunha’, contra o ajuste fiscal e anti-impeachment. A atividade começou por volta das 17h, no vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), ocupando todas as pistas da Paulista no sentido Consolação. A atividade se encerrou na Praça da República.

NÚMEROS
Enquanto o Datafolha apontou 55 mil pessoas, a Polícia Militar indicou aproximadamente 40 mil integrantes e o PT estimou 100 mil. Os envolvidos destacaram que a atividade obteve, inclusive, mais que o próprio evento pró-Dilma, realizado em março, com 41 mil. O ato se deu depois de três dias dos protestos a favor da queda da petista, no mesmo local. Apesar da divergência, em qualquer levantamento, o número é superior à atividade de domingo, que atraiu 40 mil manifestantes, sendo 30 mil, de acordo com a PM.

Os organizadores prometem outras atividades do mesmo gênero nos próximos meses, no período que deve transcorrer o processo de impedimento da presidente. A previsão da oposição é que o trâmite dure até março do ano que vem. 




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