Os protestos contra o governo de Dilma Rousseff e seu partido (PT) ontem foram bem mais contidos que nas manifestações anteriores, mas nem por isso o Palácio do Planalto deve comemorar ou cantar vitória. Se as manifestações atraíram menor número de pessoas, não dá para ignorar o fato de que a população está descontente e não suporta mais o teatro político cotidiano encenado na Capital Federal, no qual seus participantes preocupam-se muito mais em manter-se no poder do que em legislar em benefício do povo, a principal razão para que foram eleitos.

É óbvio que contra números não há argumentos. A Avenida Paulista recebeu ontem 30 mil pessoas, segundo a PM (Polícia Militar). É menos de 10% em relação aos 350 mil que em 16 de agosto estiveram no mesmo local com o intuito de pedir a saída da presidente. A redução ocorreu nas demais capitais, incluindo Brasília.

O governo e a oposição devem entender que a verdadeira manifestação é a que ocorre diante da urna, quando o cidadão, sozinho com seus pensamentos, digita os números daqueles que se apresentam como solução para todos os problemas. E nesse momento, tenham certeza, palavras como corrupção, desvio de verbas ou chantagem vão ser levadas em conta. Vivemos novos tempos, nos quais os discursos vazios e promessas sem sentido não causam comoção e nem rendem voto. Quem não acredita, que tire a prova.

Se os políticos precisam aprender com as manifestações, quem as organiza também. Em Santo André, onde ocorreu concentração única no Grande ABC, porta-voz do movimento falava, durante a semana, em levar às ruas pelo menos 25 mil pessoas. Ontem, mesmo com o baixo comparecimento, insistia em dizer que 40 mil aderiram ao movimento, quando a PM estimava em 300. Respeito e bom-senso devem nortear os dois lados dessa causa, para o bem desse País.