Artigo

A impressão de que a COP 21 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) seria diferente das COPs anteriores já se confirmou na primeira semana de encontro. Em todos os setores as discussões foram intensificadas, trazendo a urgência como força motriz. Nesse contexto, destaque para o setor de transportes que, definitivamente, entrou para agenda nesta conferência.

As discussões dessa área se dividem em dois grandes blocos: desenvolvimento tecnológico e biocombustíveis. No primeiro caso, a ideia é buscar soluções de longo prazo, baseadas em mobilidade, infraestrutura, troca de modal e de tecnologia. Destaque especial nesse sentido ao carro elétrico: a tecnologia já está disponível no mercado e começa a ganhar escala, mas também se destaca pelo fato de o carro elétrico vir acompanhado pelo aproveitamento cada vez mais significativo de fontes de energia limpa. Por exemplo, na União Europeia, de acordo com a IEA (Internacional Energy Agency), 100% do acréscimo na oferta de geração de energia será renovável já para os próximos anos, com destaque para eólica e solar.

Mas se levarmos em consideração que a frota de veículos em média é renovada na faixa de apenas 5% ao ano, ainda vamos precisar de, no mínimo, 20 anos para substituição da tecnologia instalada. Ou seja, precisamos pensar no curto prazo e nas soluções de combustíveis renováveis, tema em que o Brasil ganha destaque em diversos eventos que acontecem em Paris nestes dias. Citado como exemplo por países europeus e pelos Estados Unidos, o Brasil vem explorando, desde o Proálcool, seu potencial na produção de etanol, combustível, que é neutro em termos de emissões de gases de efeito estufa. Hoje, o País conta com aproximadamente 50% de sua frota flex, e 90% dos modelos novos vendidos são baseados nessa tecnologia. Contamos também com a oferta do biocombustível em toda a rede nacional de postos. Além disso, chama a atenção dos estrangeiros que o crescimento da produção de etanol não tem comprometido o aumento da produção de alimentos. Isso sem contar a perspectiva de crescimento de etanol de segunda geração, que promete dobrar a produção de biocombustível sem interferir na quantidade de hectares plantados.

Nesse contexto, mostram-se na vanguarda empresas brasileiras que decidiram utilizar etanol em suas frotas como alternativa para reduzir emissões de gases de efeito estufa. Evidentemente que todos nós torcemos e procuramos contribuir para que seja possível avançar em todas as frentes nas negociações climáticas. Não podemos deixar de nos orgulhar, no entanto, quando o Brasil aponta o caminho para possibilidade de solução.

Amanda Kardosh é gerente de sustentabilidade da empresa Ecofrotas.

Palavra do leitor

Tão atual!
Estado totalitário zela por todos numa sociedade organizada por castas. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de ‘pai’ e ‘mãe’ são meramente históricos. A promiscuidade é moralmente obrigatória. Não existe paixão nem religião. Além disso, desde a infância crianças eram estimuladas a brincadeiras com fundo ‘erótico’, condicionando-as à promiscuidade. ‘Todos são de todos’ é lema existente nessa sociedade que reprime quem não a aceita. O estudo era abominável, o povo, condicionado a ficar sempre longe de qualquer livro, para evitar futuro questionamento e desestabilidade social. Aldous Huxley escreveu Admirável Mundo Novo em 1932, como se conhecesse o atual governo brasileiro.
Vanderlei A. Retondo
Santo André

Resposta
A Diretoria Regional de Santo André agradece a manifestação do leitor Vlamir Belfante (Esclarecimento, dia 8) e esclarece que o governo jamais cogitou a hipótese de vender equipamento público; a reorganização disponibilizaria 1,8% do total das escolas estaduais – para serem utilizadas como outros equipamentos educacionais, atendendo a atual demanda de creches, escolas municipais e/ou Ensino Técnico. Quanto ao remanejamento de alunos, estabeleceu-se que o percurso dos alunos seria de no máximo 1,5 quilômetro a partir da escola atual. No caso do transporte ou passe livre escolar, ambos estariam assegurados para os estudantes que tinham tal necessidade. De todo modo, reforçamos que o processo será mais debatido em 2016.
Secretaria do Estado da Educação

Só rindo!
O Ministério Público tem sido rigoroso com Cerveró por dois motivos. Um deles decorre do entendimento de que alguns operadores e coadjuvantes do roubo bilionário à Petrobras têm de ser condenados a penas exemplares. O outro está relacionado ao fato de o quebra-cabeça do Petrolão estar praticamente montado. Já se sabe que o governo do PT criou o maior esquema de corrupção da história do País para financiar suas campanhas eleitorais e comprar o apoio de partidos e parlamentares. E que essa engrenagem enriqueceu funcionários da estatal, lobistas e empresários à custa do contribuinte. Que as maiores empreiteiras do País fizeram favores pessoais a políticos poderosos, como o próprio Lula, citado em depoimentos de outras testemunhas como beneficiário do esquema de corrupção da Petrobras, nega que soubesse da existência do Petrolão e que tenha se beneficiado de dinheiro desviado dos cofres da estatal. Em entrevistas recentes, declarou que jamais tratou com empresários de algum assunto que não fosse do mais nobre interesse do País. Faz-me gargalhar!
Francisco Emídio Carneiro
São Bernardo

Cumprindo
Finalmente a presidente cumpriu promessa de campanha! Ela dobrou a meta! Produziu inflação duas vezes superior ao teto estabelecido, o qual passou todo o primeiro mandato driblando. Além do mais, o decréscimo do PIB (Produto Interno Bruto) que ela conseguiu produzir só perde para o governo de Floriano Peixoto, nos primórdios da República!
Marco Antonio Esteves Balbi
Botafogo (RJ)

Despreparado
Indo rumo ao contraditório, o ministro Fachin incorre no erro de ir além de sua função. Em vez de apenas julgar procedente ou não a escolha da comissão pró-impeachment, como pedido pelo PCdoB, fala em ‘mudar a lei’. O STF existe para julgar de acordo com nossa Constituição, não criar leis. Fora que julgará se a escolha da comissão por voto indireto foi legal ou não, sendo que ele próprio foi eleito ministro do STF por voto indireto no Senado quando grande parte da população brasileira era contra, por seu viés comuno-ideológico. É ou não é contraditório? Só isso já mostra que Fachin está despreparado para o cargo que ocupa.
Beatriz Campos
Capital

Nada proveitoso
Pouco antes de se reunir com a presidente para acertar os ponteiros depois do ‘vazamento do ano’, o vice Michel Temer havia defendido a chapa de oposição ao governo para a comissão especial que vai analisar o impeachment de Dilma. O vice também avalizou a troca do líder Picciani (PMDB-RJ – pró-Dilma) por Leonardo Quintão (PMDB- MG – antiDilma), e recebeu em sua residência oficial no Jaburu diversos aliados do grupo pró-impeachment. Tudo num único dia! Todas as ações do vice se harmonizam com as desse grupo e os trabalhos para defenestrar Dilma do Planalto parecem contar com a simpatia dele. Ainda assim, Dilma e Temer juraram ter se acertado após encontro no Planalto. Será que a esta altura dos acontecimentos alguém bota fé que existe algo de fértil e profícuo entre eles?
Silvio Natal
Capital