Brasília nitidamente vive realidade diferente daquela que se experimenta no restante do País. Enquanto o Brasil permanece em estado letárgico, abalado por sucessivos escândalos políticos – nem dá tempo de recuperar-se de um e já aparece outro – e claudicante quando o assunto é a economia, na Capital Federal o clima ferve.

Na comissão de ética, que deveria analisar o processo de quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pela sétima vez nada foi votado. Não por falta de vontade, mas talvez por excesso, pois ontem dois parlamentares se exaltaram tanto que chegaram às vias de fato. Trocaram tapas como garotos, ou seriam “moleques”, palavra usada por ambos para se dirigir ao ‘nobre colega’ de parlamento. Ainda bem que houve a interferência da ‘turma do deixa disso’, senão o papelão seria ainda maior.

Em evento social, onde o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) era o prato principal, uma ministra do atual governo e um senador, mais do que cotado para o primeiro escalão caso ocorra o impedimento e o vice Michel Temer (PMDB) assuma o posto, protagonizaram outra cena de pastelão. Sentindo-se ofendida por ter sido chamada de ‘namoradeira’, a titular da Pasta da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), atirou taça de vinho na face de José Serra (PSDB). Não contente, ainda recorreu às redes sociais para afirmar que o tucano foi “infeliz, desrespeitoso, arrogante e machista”, e lamentou ter, em 2010, votado e manifestado apoio a “esse senhor”.

Enquanto a corte arma o circo e executa sequência de espetáculos estapafúrdios e inconsequentes, nós, que os patrocinamos às custas do trabalho diário, assistimos incrédulos àquilo que eles nos mostram cotidianamente.

Aos brasileiros de bem, responsáveis pela eleição de tais pessoas, resta lamentar, fiscalizar e exigir que deixem de olhar apenas para seus interesses e lembrem-se de que devem servir à população e não servir-se das benesses de seus cargos.