Economia Titulo Crescimento econômico
PIB brasileiro tem a maior redução trimestral desde 1996

Na comparação de julho a setembro ante mesmo
período de 2014, a queda registrada foi de 4,5%

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
02/12/2015 | 07:05
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Divulgação


O PIB (Produto Interno Bruto) nacional teve queda de 4,5% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2014. É a sexta vez seguida que o indicador fica abaixo de zero. No acumulado de janeiro a setembro, a economia brasileira encolheu 3,2% em relação aos nove primeiros meses do ano passado. Em ambas as comparações, foi a pior retração no volume de geração de riquezas no País desde o início da série histórica, em 1996. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Do segundo para o terceiro trimestre, a queda foi de 3,2%, enquanto que no acumulado de 12 meses, a atividade econômica no Brasil diminuiu 2,5%. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 1,481 trilhão.

Na comparação com o período de julho a setembro do ano passado, o volume total de investimentos em máquinas, equipamentos, estrutura e pesquisa caiu 15%. Como consequência disso, a indústria gerou 6,7% menos riquezas do que no mesmo período de 2014. O comércio retraiu 9,9% e o setor de serviços apresentou variação negativa de 2,9% (veja tabela nesta página).

O economista Leonel Tinoco Netto, delegado regional do Corecon (Conselho Regional de Economia do Grande ABC) e professor da Fundação Santo André, destaca que a queda no PIB está ligada, principalmente, ao cenário de incerteza por parte dos investidores, especialmente em razão da instabilidade na relação entre o governo e o Congresso, o que dificulta a implantação do ajuste fiscal. As medidas anunciadas no começo do ano pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, têm objetivo de recuperar as contas públicas. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, o deficit primário acumulado em 12 meses até outubro chegou a R$ 40,9 bilhões. “O governo tenta aumentar os impostos, mas dificilmente esse tipo de proposta vai passar pelos parlamentares. A saída, então, será cortar gastos e investimentos em setores estratégicos, como na Eletrobras e Petrobras. Então, todos aqueles que, na rede de fornecimento, dependiam dessas grandes empresas murcham, afetando as atividades em geral”, explica.

“Com as taxas de desemprego subindo, os juros e a inflação elevados, não há perspectiva de melhora. Diante disso, as empresas demonstram pouca vontade de investir, gerando decréscimo de produção em todos os setores. Outro fator importante é a queda na renda da população, o que diminui a demanda em geral”, acrescenta Tinoco Netto.

Apesar das perspectivas negativas, o economista Agostinho Pascalicchio, da Universidade Mackenzie, salienta que as exportações podem indicar uma luz no fim do túnel, principalmente em razão da retomada do crescimento da economia norte-americana. Na comparação do terceiro trimestre ante o mesmo período de 2014, as vendas para o Exterior aumentaram 1,1%, enquanto as importações diminuíram 20%. “Mesmo assim, ainda é cedo para falar em melhora. Os resultados do comércio Exterior devem surgir no início do terceiro trimestre de 2016.”

No Grande ABC, o PIB teve variação negativa em 2011 e 2012, segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). As quedas foram de 1,08% e 5,3%, respectivamente. Para 2013 e 2014, o Observatório Econômico da Universidade Metodista prevê redução de 0,41% e 5,09%, além de nova redução neste ano – ainda sem estimativa de percentual. 




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