Economia Titulo Setor imobiliário
Venda de imóveis novos cai 16% no Grande ABC

Retração no terceiro trimestre reflete a crise
econômica; lançamentos, no entanto, cresceram

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
27/11/2015 | 07:05
Compartilhar notícia
Ari Paleta/DGABC


Em meio ao cenário de crise econômica, o volume de vendas de apartamentos novos no Grande ABC no terceiro trimestre diminuiu 16% em relação a igual período do ano passado. De julho a setembro, as construtoras venderam 1.084 unidades desses imóveis, frente aos 1.293 nos mesmos três meses de 2014, aponta a Acigabc (Associação das Construtoras, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC). Com o fraco desempenho, o setor na região contabiliza, nos primeiros nove meses, 4.062 apartamentos novos vendidos, 11,5% menos que as 4.589 de janeiro a setembro do ano passado.

A retração no total comercializado contrasta com o aumento nos lançamentos. No terceiro trimestre, a quantidade de imóveis apresentados ao público chegou a 1.356, 44,7% mais que as 937 unidades no mesmo período de 2014. Também houve crescimento nos nove meses de 2015: alta de 8%, com 3.786 unidades contra 3.505 de janeiro a setembro do ano passado.

Porém, o maior número de produtos no mercado, segundo a Acigabc, se deve, em parte, à necessidade de muitas empresas que já tinham, há algum tempo, projetos aprovados junto às prefeituras. “O alvará (de construção) tem prazo, se não se inicia, acaba prescrevendo”, concorda a diretora adjunta da regional do SindusconSP (Sindicato da Indústria da Construção no Estado de São Paulo) no Grande ABC Rosana Carnevalli, que tem empresa do ramo em São Caetano.

PATAMAR BAIXO - Em relação às vendas, os dados da Acigabc mostram que, na melhor das hipóteses, o fechamento de 2015 ficará em patamar próximo ao de 2014 (quando foram comercializadas 6.680 unidades). Para empatar, seria preciso desovar cerca de 2.600 apartamentos de outubro a dezembro. O fim do ano costuma ser bom para o segmento e, para atrair os consumidores, muitas construtoras estão com promoções. No entanto, mesmo que essa marca seja alcançada, o segmento na região ficará bem aquém dos níveis de 2013 (10.054 unidades vendidas) e de 2012 (total de 9.407).

Para Rosana, um fator que prejudicou foram alterações nas regras da Caixa Econômica Federal, que, por exemplo reduziu o percentual de financiamento de usados para apenas 50% do valor do imóvel. “Quem vai comprar um novo, muitas vezes precisa dispor do usado”, observa. “Mas o principal mesmo é o mercado. O desemprego, a inflação, tudo isso atrapalha”, cita.

LANÇAMENTOS - O número de lançamentos cresceu neste ano, mas as construtoras estão apostando em imóveis de menor valor, de dois e três quartos. No terceiro trimestre, por exemplo, não houve apartamentos novos lançados de um nem de quatro dormitórios.

Além disso, em termos de valores, nos nove primeiro meses do ano, os recursos lançados somam R$ 1,416 bilhão, ante R$ 1,463 bilhão no mesmo período de 2014. Segundo a Acigabc, com descontos concedidos, os preços estão em torno de 20% menores do que há um ano. Ainda de acordo com representantes da entidade, imóveis de dois dormitórios que hoje custam R$ 200 mil na planta, há dois anos estavam cotados a R$ 270 mil.

Apesar da crise, empresários do setor avaliam que, nesse cenário de baixa de preços, se a pessoa tem dinheiro guardado, esse é o momento propício para comprar imóveis na região – que, na média, ainda são cerca de 25% mais em conta que na Capital, aponta a entidade.

CIDADES - Entre os municípios da região, Santo André se destacou em número de lançamentos no terceiro trimestre. Foram 642, bem mais que em São Bernardo, que ficou na segunda posição, com 366 unidades, e Diadema (348). Não houve lançamentos nesse período nem em São Caetano nem em Mauá, de acordo com o levantamento da associação. Em relação a essa última cidade, uma explicação é que houve entraves na liberação de recursos do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, pelo governo federal, o que acabou travando a comercialização de novos produtos. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;