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Serra enfrenta saia justa
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
12/09/2006 | 23:54
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Um campo minado. Foi o que o candidato do PSDB ao governo do Estado, José Serra, encontrou no corpo-a-corpo nesta terça-feira à tarde na favela Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo, a segunda maior da cidade, com 80 mil habitantes (perde apenas para Heliópolis, na divisa com São Caetano). Durante os 40 minutos em que caminhou pelas ruas – a maioria sem asfalto, Serra ouviu inúmeras queixas e até cobranças de promessas feitas por ele quando se candidato à Prefeitura de São Paulo, em 2004.

Nem mesmo os cabos eleitorais de candidatos a deputado conseguiram blindar o governável de ouvir de perto reclamações dos moradores.

A principal saia-justa enfrentada por Serra foi causada pelo aposentado João Fernandes, que reclamou da falta de professores na escola municipal Dom Veremundo Toth, no próprio bairro, onde seu filho cursa a 5ª série.

Quando o tucano se aproximou de seu veículo para ir embora, o aposentado – que disse ser eleitor de Lula e Mercadante – cobrou diretamente do tucano. “Meu filho vem para casa todo dia cedo porque não tem aula. Isso é um absurdo.” Querendo se livrar do morador, Serra respondeu: “O problema é do professor”. Não satisfeito, o aposentado retrucou: “Não. O problema é do senhor, que foi prefeito dessa cidade”.

Sem graça, o candidato pediu que um de seus assessores ligassem para o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider. Serra pegou o celular e o entregou ao morador: “Fala aqui com o secretário” e foi embora, deixando o reclamante ‘falando sozinho’ com o titular da pasta de Educação.

Decepcionado, João Fernandes disse que Schneider prometeu resolver o problema, sem se comprometer com data. “Agora vou reclamar para quem. Pra Cristo?”

Durante a caminhada, Serra prometeu implementar no Estado casas de apoio para recuperação de jovens infratores. “É um processo caro, demorado, mas necessário. Por outro lado, é o combate efetivo ao tráfico de drogas.”

Após ouvir críticas de moradores de áreas de risco na região, o tucano disse que irá aumentar o financiamento de casas populares, por meio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). “Existem áreas de córrego muito perigosas. Têm regiões que justificam a remoção com alojamentos e construção de apartamentos.” Serra disse que o governo financiará material de construção.

O ex-prefeito de São Paulo negou que os moradores do Morumbi estejam fazendo pressão para a retirada da favela do bairro. “Os moradores daqui têm colaborado muito no trabalho de transformação do bairro. Ninguém pensa em remoção dessa favela”, garantiu o tucano.




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