Política Titulo Editorial
Bravura contra covardia
Do Diário do Grande ABC
23/11/2015 | 08:46
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Aline Pietri/DGABC


A edição de hoje deste Diário traz à tona uma estatística alarmante. Nos 270 dias de janeiro a setembro, as quatro DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) da região abriram 1.999 inquéritos policiais para averiguar violência contra elas, seja verbal, psicológica, física ou sexual. O número é 16,15% maior do que o observado no mesmo período de 2014.

Mas podem ter sido bem mais, já que muitas têm medo de registrar as ameaças e agressões. Sofrem caladas, sendo alvo iminente do próximo ataque. Num passado não tão distante, era ainda pior. Buscar ajuda dos órgãos de segurança e apoio só em último caso, quando estavam muito machucadas, à beira da morte. Atualmente, situações de injúria são denunciadas. Um avanço por parte das vítimas. Talvez pelo acolhimento e dedicação das autoridades, que têm olhado de modo diferente para esse problema. Mas é preciso muito mais.

Há de se ressaltar a lucidez da delegada Adrianne Mayer Bontempi, de Santo André, que observa a importância de se educar o homem. “A mulher sabe dos seus direitos e busca proteção. O homem não teve mudança cultural de entender que não pode agredir.” Corrobora com análise do psicólogo Flávio Urra, de que a sociedade brasileira é uma das mais machistas do mundo.

Políticas públicas de conscientização, educação na mais ampla concepção do terno e leis rígidas para punir os covardes. Uma receita que pode fazer a diferença, pois impunidade e penas brandas são convite para as estatísticas subirem.

O respeito tem de vir de berço e ser disseminado nas escolas. Menos do que isso é inaceitável em pleno século 21. As mulheres têm feito sua parte. Pelo mundo afora, muitas nações ainda restringem o acesso delas à segurança, a direitos, à Justiça. Mas as mobilizações têm colocado o fim da violência no centro das discussões. Que assim seja, mais e mais, para encerrar esse terror ao gênero.

Ao agredir uma mulher, o homem ataca o ser humano, sua família, a comunidade e o Estado. Cicatrizes demoram a curar. Às vezes nunca fecham. Com bravura se combate a covardia. 




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