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Amizade e café se unem no balcão da padaria
James Capelli
Do Diário do Grande ABC
13/01/2001 | 19:49
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Entre 7h e 9h da manhã, quem pisar em uma das padarias da região vai constatar como tornou-se popular o hábito de tomar o café da manhã nesse tipo de estabelecimento. Durante a semana são pessoas que quebram o jejum antes do trabalho. Aos sábados e domingos, famílias inteiras transformam o café em passeio. Esse costume dá um charme especial às padarias e cria freqüentadores assíduos. “Aqui há um grupo de mais de 30 pessoas que vem diariamente tomar café da manhã, bater papo e descontrair um pouco antes do trabalho. Eu até coloquei um aparelho de televisão junto ao balcão, que é para o pessoal assistir aos noticiários matinais e fazer comentários”, disse Maurício José Zotin, o proprietário da Panificadora Veridiana, que fica na rua Municipal, Centro de São Bernardo.

Essa característica das padarias do Grande ABC se transformarem em ponto de encontro de famílias e amigos é incentivada pelos proprietários, segundo Luís Antônio Rodrigues, diretor de marketing dos Sindicato dos Panificadores do ABC. “Nós enfrentamos uma forte concorrência dos supermercados onde o pãozinho é vendido a preços muito baixos. O nosso diferencial passou a ser a diversificação dos pães, a qualidade e o atendimento personalizado.”

O diretor revelou que, esse ano, o sindicato irá fazer uma grande campanha publicitária incentivando os moradores da região a ir ainda mais às padarias. “São vendidos cerca de 6 milhões e meio de pães por dia no Grande ABC. Não é muito, se compararmos com o consumo de outros países. Temos de fazer campanhas e investir na copa do estabelecimento (área de lanches da padaria), para aumentar o movimento. Nossos afiliados já perceberam que os lanches são um ótimo negócio. Nós, hoje, estamos concorrendo com as redes de fast-food. E levando vantagem no tratamento diferenciado. Afinal, na padaria, o cliente pode pedir o lanche como quiser, que o pessoal prepara.”

Elias Alberto Torres, dono da Padaria Central, na avenida Coronel Fernando Prestes, Centro de Santo André, reconhece a importância de a padaria de se transformar em ponto de encontro de amigos. “Isso torna o ambiente agradável. Nosso forte são os pedaços de pizza que vendemos no balcão, 5 mil pizzas por semana. Mas aqui nós sofremos com falta de espaço para confraternização. O balcão é pequeno para os amigos se reunirem. Uma reforma resolveria o problema.”

“Aqui na Padaria Kennedy servimos cerca de 700 cafés entre 7h e 9h da manhã. As pessoas se conhecem, cumprimentam-se, mas não chegam a estreitar laços de amizade. O movimento é grande, mas há muita gente que está só de passagem”, disse Marco Antônio Matias, 28 anos, gerente do estabelecimento que fica na avenida Kennedy, em São Bernardo.

César Moraes, 21 anos, gerente da panificadora Nova Vitória Régia, no bairro Jardim, em Santo André, reconhece que o hábito de amigos se encontrarem em padarias está cada vez mais difundido, mas garante que o maior movimento é no café da manhã. “Tanto que nós investimos no serviço self-service, com mais de 300 itens. Famílias inteiras vêm tomar o café da manhã aqui nos fins do semana, nós servimos cerca de 180 pessoas”.

Nos últimos tempos, os donos de padarias estão fazendo o possível para colocá-las na rota de programas familiares. Na Kennedy, em São Bernardo, foi aberto um boulevard e contrataram dois garçons, para as pessoas tomarem café sentadas em mesinhas, com mais conforto. “Nós também cortamos as bebidas alcoólicas em dose. Só vendemos cerveja e com preço alto. Fizemos uma pesquisa entre os freqüentadores e a maioria pedia o fim das bebidas alcoólicas”, disse Christiane Franzese, 26 anos, proprietária da padaria.




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