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Greve histórica na Ford faz 20 anos
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/06/2010 | 07:08
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Ontem fez 20 anos de um fato histórico para o movimento sindical da região: uma greve na fábrica da Ford no Taboão, que ficou marcada, na época, por uma relação traumática entre capital e trabalho. Devido à falta de diálogo do setor empresarial com os trabalhadores, o movimento grevista se estendeu e resultou em quebra-quebra dentro da montadora.

Foram, ao todo, 52 dias de paralisação. O ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro, que integrou a primeira comissão de fábrica dessa montadora, lembra que o movimento começou de forma isolada, com a manifestação de um grupo de trabalhadores da área da manutenção e ferramentaria, conhecidos como Golas Vermelhas por melhores condições de trabalho e reajuste salarial.

"A empresa cismou de descontar o salário e a greve se alastrou", afirmou Guiba. A situação foi piorando depois que a companhia decidiu demitir 100 funcionários, sindicalistas e parte da comissão de fábrica. A decisão desagradou os trabalhadores, que passaram a exigir da empresa não só o aumento do salário, como também a reintegração dos demitidos.

O sindicato pediu, inicialmente, a volta de 40 dos cortados. Como a montadora demorou a dar uma resposta, a entidade sindical passou a reivindicar que todos fossem readmitidos.

Com a greve se estendendo, os não-grevistas também não receberam seus salários. A decisão colocou, literalmente, fogo nas discussões. Em uma sexta-feira, a fábrica foi invadida, o que culminou com 51 veículos tombados, nove incendiados, barricadas com combustível, explosões, princípio de incêndio, depredação de instalações e de maquinário.

O quebra-quebra só parou na madrugada quando a tropa de choque invadiu a planta. No dia seguinte, Vicentinho, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, e Diogo Clementena, à época diretor de recursos humanos da Ford, se reuniram em hotel em São Paulo para acertar o acordo. E, depois de 52 dias, em assembleia os trabalhadores resolveram pelo fim da greve com o pagamento dos não-grevistas e parcelamento dos dias parados em folha de pagamento.

Para Guiba, a relação capital-trabalho mudou bastante desde aquela época. "As greves do passado não se repetem hoje na mesma intensidade, porque as empresas agora sentam e buscam o diálogo. Naqueles anos, além da repressão policial, havia a repressão dos dirigentes das fábricas', afirma.




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