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Na rota do frango com polenta
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
10/02/2001 | 16:24
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Após a Revolução de 32, muitos paulistanos se refugiaram no Grande ABC e, de passagem, deliciavam-se com o frango com polenta servido gentilmente pelas mulheres do clã Demarchi. Esse foi o primeiro passo para a criação dos gigantescos restaurantes localizados entre os números 1.749 e 2.998 da av. Maria Servidei Demarchi, conhecida como a Rota do Frango com Polenta.

Juntas, as três principais casas da rota – São Judas, São Francisco e Florestal – recebem cerca de 6,5 mil pessoas aos domingos. É um público informal, que passeia pelos salões vestido com roupas despojadas e segura os pratos enquanto espia as deliciosas opções do self service. Muitos vêm do litoral em direção à capital e transformam o almoço dominical num programa.

É o caso da família Falótico, de São Paulo, que tem como passagem obrigatória o Florestal Demarchi quando volta da praia nos feriados e fins de semana. Amélia Janice, 51 anos, é acompanhada pelo marido, Vicente, 56, o filho, Jeano Felipe, 20, e a mãe, Iolanda Sarno Veiga, 79. “Nós freqüentamos o Florestal há 20 anos e o frango com polenta é sempre delicioso. Tomo sempre uma cervejinha preta, mas eles preferem sucos e refrigerantes. Aqui, a situação é invertida”, diz rindo.

Amélia e sua família são um retrato do público que freqüenta os restaurantes da Rota. Bem-humorado, pouco se importa com o tilintar dos talheres, o falatório constante e os gritos da criançada. É justamente esse clima caseiro que fez Luiz Borlone Neto, 38 anos, morador de São Bernardo, transformar-se num dos clientes mais assíduos do São Judas. “Venho aqui há 18 anos. Hoje, especialmente, estou comemorando meu aniversário e trouxe os amigos. Adoro a Rota, são restaurantes bons e sem frescura, mas prefiro o São Judas pelo atendimento”, conta.

Aliás, as comemorações colaboram para manter o movimento, principalmente aos domingos. Os andreenses Marcelo Moretti, 35 anos, e Eliana Cristina de Sá Moretti, 32 anos, aproveitaram o batizado do filho Bruno, 3 meses, para reunir a família no São Judas. “Venho quase todos os domingos, mas hoje é um dia especial”, diz Moretti, ninando o filho, sem esconder a alegria do momento.

Tradição – Aberto há cinco décadas, o São Judas é o mais tradicional da Rota. Atende uma média de 2,5 mil pessoas no domingo e tem 230 funcionários à disposição nos fins de semana. Chegou a ser citado como o terceiro maior restaurante do mundo na década de 90. Isso explica os 1,5 mil kg de frango e outra tonelada de polenta consumidos semanalmente por seus clientes.

Muitos deles, no entanto, trocaram o tradicional prato pela variedade do self service. É o caso de Eliana, 34 anos, e Fernando Gugliemoni, 34 anos, de São Bernardo. “Preferimos o sistema self service, cada um escolhe o que mais gosta”, diz Eliana, enquanto saboreia um suco natural. “É difícil pedirmos a la carte, até porque os pratos do cardápio também podem ser encontrados no self ”, conta Fernando, que opta pelo chope.

O Florestal Demarchi, com 47 anos de estrada, aparece em segundo, mas os números são igualmente grandiosos. Tem 120 funcionários, 1,8 mil lugares (300 mesas), por onde passam cerca de 2,2 mil pessoas por domingo. Há playground para as crianças e televisão nos salões. Consome, cada fim de semana, uma média de 1,5 mil kg de frango e 800 kg de polenta.

David Rebelatto, 43 anos, de São Bernardo, mesmo depois de passar os dias úteis em almoços de negócios no Florestal, leva a família nos fins de semana para o frango com polenta. “Não troco a casa por nenhuma outra da Rota”, diz, brincando com um dos garçons.

Em terceiro, aparece o São Francisco, com 38 anos, 100 funcionários e acomodação para 2,5 mil pessoas, incluindo o salão de convenções. Aos domingos, chegam a atender cerca de 2 mil pessoas. Entre os clientes, o casal paulistano Antônio Luiz, 54 anos, e Ana Maria Oliveira, 50 anos, na volta do litoral, costuma apreciar o frango à passarinho com polenta frita. “Mesmo quando estamos em São Paulo, costumamos nos deslocar até aqui. Somos clientes fiéis, porque a comida é deliciosa”, diz Ana Maria.




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