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Internet se torna arma importante da Al-Qaeda
Da AFP
10/09/2005 | 21:10
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Quatro anos depois dos atentados de 11 de setembro, a rede terrorista Al-Qaeda, privada agora de seu refúgio afegão e perseguida no mundo inteiro, transformou a internet em uma espécie de novo "quartel-general" para desenvolver "a guerra santa midiática".

"Muçulmanos do mundo inteiro, uni-vos na Frente Midiática Islâmica Mundial (FMIM). Formai as Sarayas (brigadas) da 'jihad' (guerra santa) midiática para quebrar o controle sionista dos meios de comunicação e para aterrorizar o inimigo", proclama "Saladino II", nome de guerra do "emir" da FMIM, uma espécie de vitrine da comunidade virtual, criada nos últimos anos na rede mundial de computadores sob a sombra da Al-Qaeda.

"A Frente é uma nova Qaeda (base) de informação islâmica na internet. Nosso objetivo é denunciar o inimigo sionista. A Frente não pertence a ninguém. Pertence a todos os muçulmanos. Não tem limites geográficos. Todos os especialistas das novas tecnologias da informação e comunicação, os produtores, os fotógrafos (...) são chamados a se unirem a nós", convoca seu adjunto, "Ahmed Al Watheq Billah".

A FMIM substituiu a "Frente Mundial de Combate aos Judeus e Cristãos", criada em 1988, no Afeganistão, pelo líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.

A Frente já difundiu mais de 350 documentos, inclusive filmes sobre as operações no Iraque, na Arábia Saudita, no Afeganistão e em outros pontos do planeta onde operam os grupos 'jihadistas'.

Esta semana, a Frente pôs na rede um filme de seis minutos em cinco seqüências, intitulado "Uma comédia sangrenta" (Bloody Comedy), "produto das câmeras dos Mudjahedines na Mesopotâmia", destinadas a "denunciar os soldados americanos, inimigos de Alá". "A todos os americanos. Olhai vossos filhos em combate. Não creiais em vossos meios sobre este simulacro de combate", adverte a Frente.

Uma das seqüências mostra um veículo Humvee destruído por um poderoso artefato explosivo no Iraque e, em seguida, um jornalista da Fox News anunciando: "Dois soldados americanos ficaram feridos no acidente. Seus ferimentos não são graves e eles voltaram ao trabalho após serem curados".

A Frente divulgou recentemente outro filme, intitulado "Top Ten", uma seleção de dez operações lançadas pelo "Exército Islâmico no Iraque" e pela "Organização da Al-Qaeda na Mesopotâmia" contra as forças americanas no Iraque. As seqüências, que mostram corpos despedaçados ou carbonizados, têm como objetivo "aterrorizar os cruzados".

A rede oferece, ainda, uma abundante literatura 'jihadista' destinada à iniciação no combate de guerrilha urbana, no uso do fuzil automático Kalachnikov e dos lança-foguetes RPG ou, melhor ainda, na preparação de explosivos, o que favorece o surgimento de terroristas solitários, sem vínculos orgânicos com a Al-Qaeda ou grupo local semelhante.

"Sob a pressão da 'guerra contra o terrorismo', a Al-Qaeda não dispõe mais de espaços livres para se reunir, organizar, ou de campos para treinamento, mas criou, ao contrário, um novo 'quartel-general' na rede internet para semear o medo em seus adversários e reforçar o moral de suas tropas", avaliou Yasser Al Sirri, diretor do Observatório Islâmico, em Londres.

"Os militantes islâmicos modernos compreenderam há tempos que a Al-Qaeda poderia rivalizar com a potência dos Estados Unidos e seus aliados, mas em matéria de propaganda, campo de batalha crucial da 'guerra contra o terrorismo', a vantagem está claramente no campo dos militantes", concluiu, por sua vez, Jason Burke, um especialista britânico em terrorismo.

"Os terroristas se tornaram produtores e diretores de filmes e as câmeras de vídeo se tornaram suas armas mais potentes", explicou.




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