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Projeto inclui Billings em hidroanel
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
17/08/2009 | 07:00
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Em duas décadas, a Represa Billings poderá servir também ao transporte de cargas entre Grande São Paulo e Porto de Santos e assim ganhar mais um uso além do abastecimento e geração de eletricidade.

A ideia ainda incipiente, levantada pela Secretaria de Estado dos Transportes, é formar um hidroanel na Região Metropolitana com os rios Tietê e Pinheiros, na Capital, represa Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, além da Billings, que banha Santo André, São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e bairros do extremo Sul de São Paulo. Todos os cursos d'água são naturalmente conectados.

O longo prazo do projeto excluiria as rotas por água das alternativas para desafogar imediatamente o transporte de cargas por rodovias. A meta do governo é diminuir, em 16 anos - até 2025 - a participação das estradas paulistas no transporte de cargas dos atuais 90% para 67%.

O custo de tirar a hidrovia, um meio mais econômico e menos poluente, do papel é estimando em R$ 2 bilhões e a finalização do projeto demoraria pelo menos 20 anos.

Segundo o secretario estadual dos Transportes, Mauro Arce, a Prefeitura de São Paulo participou de uma reunião sobre o hidroanel na última semana. As lideranças do Grande ABC ainda não foram convocadas para discutir o assunto.

O conceito, embrionário, ainda não tem cara definida. Não estão determinados, por exemplo, os pontos de transbordo e o tipo de carga a ser transportada. Arce admite uso inicial para transporte de materiais como entulho e lodo proveniente do tratamento de esgotos, como é feito nos rios de Paris, na França. É possível que os ancoradouros sejam integrados a outros modais de transporte como o Rodoanel e o Ferroanel.

Atualmente, no entanto, é possível ver um pequeno trecho do que seria o hidroanel metropolitano: uma ligação de 41 quilômetros está em operação no Rio Tietê entre o bairro da Penha, na Zona Leste da Capital, e a cidade de Santana do Parnaíba.

Para que os 186 quilômetros do hidroanel sejam completados, algumas intervenções são necessárias para que as águas se tornem navegáveis: a construção de uma eclusa na barragem da Penha, no Rio Tietê - obra que está em fase de projeto executivo para a construção - e rebaixamento de trechos da calha do Rio Pinheiros. Na Billings, será necessário identificar pontos de parada e possíveis locais para interligação com outros modais de transporte.

Ideia original incluia teleféricos para fazer ligação com Litoral
A ideia de se fazer um hidroanel na Região Metropolitana não é recente. Ainda no século passado, Asa White Kenney Billings, engenheiro norte-americano que idealizou e batizou a represa do Grande ABC em 1920, apontava a possibilidade de se navegar pelo reservatório, aproveitando a interligação com as águas dos rios Pinheiros e Tietê. O plano incluiu ainda descer a carga para o Litoral por teleférico.

Poluição - A educadora ambiental de Santo André Vilma Tavares aprova o plano, mas tem uma ressalva. "A ideia é muito boa, mas é necessário pensar que essas águas terão de ser despoluídas. Até mesmo porque terão uma dinâmica com as águas da Billings, que servem para consumo", diz Vilma.

O secretário de transportes do Estado de São Paulo, Mauro Arce, acredita que ambos assuntos estão relacionados. "Com a hidrovia, seguramente as pessoas vão olhar os rios, as águas, de outra forma. A navegação está ligada a ideia de se cuidar bem do rio, de preservação", explica Arce.




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