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Setor de comida e hospedagem comemora data
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
29/05/2011 | 07:18
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O setor de bares, restaurantes, hotéis e motéis vive clima quente nessa época do ano. A data romântica é um bom momento para faturar, define o presidente do Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC, Wilson Bianchi.

O pico de comercializações faz com que a data seja a mais importante no ano para o setor. "Dia dos Namorados não tem idade. Engloba jovens, pais e filhos. E envolve toda a semana. É o evento mais importante para nós, até mesmo do que o Natal", declara.

Tanto que a aposta de Bianchi é que o segmento goze dos louros e cresça até 30%. Esse percentual tem no nicho de alimentação o maior peso, representando 40% no faturamento do setor. E não é para menos. As sete cidades disponibilizam 4.000 locais para comer. O clima será mais íntimo em cerca de 180 motéis na região, sem contar os 28 hotéis, conforme dados do sindicato. "A nova classe emergente, que não tinha condições de ir nos restaurantes, hotéis e motéis irá ajudar, pois há um bolo de dinheiro muito grande nesse mercado", afirma Bianchi.

Se um restaurante ou bar fatura R$ 65 mil em um mês, chega a faturar R$ 84,5 mil em junho, exemplifica.

De olho no potencial dos casais, o segmento prepara novidades, amplia diversidade de promoções e investe nos ambientes para incendiar o clima romântico. Para o presidente do sindicato, são ações que paqueram os clientes, para que se tornem fiéis consumidores.

É o caso de um bar e restaurante com filiais em Santo André e São Bernardo. A ideia do proprietário, Christian Frascaroli, é oferecer aos namorados pacote completo: ambiente com música romântica ao vivo e local coberto com luminosidade tênue, proporcionada pelas velas que, promete, estarão por toda a parte. "Vamos fazer um festival de massas, com muitas opções. Os casais procuram comer molhos mais leves. Somos campeões nesse tipo de serviço, com o público noturno que é o nosso forte", diz Frascaroli. Com a remodelação, espera faturar 20% a mais do que no ano passado, lucrando a metade, já que 10% são destinados para cobrir a inflação acumulada no período.

O empresário destaca que, geralmente, os fins de semana contam com 25 funcionários - número que irá triplicar para 60 no dia 12 de junho, que cairá em um domingo. Mas toda essa expectativa tem um custo: "a grande dificuldade é atender todo mundo a todo tempo. Os casais querem comer mais rápido para darem conta de todas as atividades que têm a fazer."

 

Mesmo caras, flores são opções de presentes

Nem mesmo os altos preços das flores, com rosas até 100% mais caras desde o Dia das Mães, irão afugentar os namorados a presentearem com buquês. O técnico da Craisa José Marcelo Lisboa - responsável pelo setor - disse que as vendas devem crescer 10% neste ano sobre a data anterior.

A meta é superar o volume comercializado no Dia da Mulher, data prejudicada por cair durante o Carnaval. A projeção é do gestor do Sindicato do Comércio Varejista de Flores e Plantas, Carlos Roberto Romeo.

Uma floricultura de São Caetano, que tem o forte em vendas pela internet, prevê aumentar em 16% o comércio sobre a comemoração passada. Em 2010, a alta foi de 12%. A meta é queimar estoque de 11 mil arranjos - 128 deles exlusivos para a data - a preços entre R$ 43 e R$ 200. O gerente de marketing Juliano Souza diz que os ganhos de junho correspondem a 13% do total faturado no ano. E, para isso, ampliará em 60% a mão de obra. 

PREÇOS - Os itens ficarão mais caros mesmo com uma produção maior de flores. "Ano passado houve chuvas que atrapalharam o plantio, o que não aconteceu neste ano", afirma Lisboa, ao explicar que os custos inalterados desde o Dia das Mães é decorrência do mercado especulativo, principalmente por conta da alta de preço nos insumos que envolvem a cadeia de distribuição.

Como exemplo, uma haste de um tipo de orquídea comum no inverno, a cymbindium, custa R$ 20. A exceção fica por conta do copo-de-leite, que está 46% mais barato: passou de R$ 15 para R$ 8. Lisboa diz que semanalmente são vendidos 4.500 maços de flores. Em termos de público, o encarregado pelo abastecimento da Craisa, Francisco Marques, projetou alta de 30% entre compradores que farão visita ao Mercado de Flores.

 

Artigos inusitados esquentam o clima e o bolso de empresários

 "O nosso Natal é em junho." É assim que definem gerentes de sex shops sobre as vendas no Dia dos Namorados. A responsável por uma delas em Santo André, Luciana Nascimento, reforça que o setor se prepara o ano todo para a data. E não é para menos. A procura elevada nos trinta dias que antecedem a comemoração garante crescimento de 40% no período.

A opinião é reforçada pela gerente de outra sex shop andreense, Elizabeth Góes de Oliveira. Ela afirma que a cada ano o tabu sobre o tema diminui, permitindo alavancar a presença de público e vendas. "Quem frequenta a loja busca itens mais ousados. Mas, para iniciantes, aconselho fantasias e cremes, que são bem light. Ou gel térmico que esquenta, é comestível e pode ser usado em diferentes partes do corpo", sustenta. Ela acrescenta que seu público é formado em 90% por casais, mas que as mulheres ainda são as mais "ousadas" e recorrentes na loja.

Um conjunto de fatores também permitiu mais visibilidades ao setor. O desmoronamento de preconceitos quanto ao tema ajuda a atrair novos clientes. "Está mudando a ideia de que sex shops são para promíscuos. A aparência das lojas também influencia isso, sendo a maioria vermelha e preta, e com coisas agressivas na vitrine. Aqui, pintamos paredes de amarelo e usamos vidros para que os visitantes fiquem à vontade."

Um item, porém, continua o preferido dos compradores: as lingeries. Sobretudo para casais entre 25 e 40 anos, embora Luciana reforce que até senhoras também marquem presença. "Cerca de 90% do meu público é composto por mulheres."

Tanto que ela preparou um tipo de presente inusitado para a data. Luciana irá oferecer cursos pagos nos próximos sábados, dias 4 e 11, exclusivos para mulheres. Strip tease, pole dance - a famosa dança na barra -, massagem sensual e pompoarismo, já contam com 80 inscritas.




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