A informação que vem do México, onde se encontra o repórter Leone Farias, deste Diário, é extremamente preocupante. Em entrevista concedida no país da América Central, durante vistoria às obras de implantação de fábrica naquela nação, o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, disse ontem que a companhia considera encerrar a produção nas unidades instaladas no Grande ABC. Seria uma tragédia econômica e social de proporções inimagináveis. Mauá perderia boa parte de suas receitas em impostos e 31 mil postos de empregos, entre diretos e indiretos, estariam eliminados.

O ultimato foi dado porque a Petrobras recusa-se, há dois anos, a fechar acordo de fornecimento de longo prazo de nafta, matéria-prima essencial para a produção das 700 toneladas anuais de eteno que saem do polo petroquímico do ABC. Os contratos temporários de abastecimento, renovados por meio de aditivos, criam insegurança e atrapalham o planejamento da companhia. O próximo vence dia 15.

A Braskem reivindica pactos mais extensos, de modo a permitir que a empresa pense a longo prazo. Caso contrário, será impossível manter a atual estrutura, que conta com mais duas unidades no Brasil, uma na Bahia e outra no Rio Grande do Sul. De acordo com o executivo, a fábrica instalada na região foi a escolhida para ser sacrificada por ser a menor delas. A baiana produz 1,25 milhão de toneladas de eteno por ano e a gaúcha, 1,2 milhão a cada 12 meses.

A Petrobras, empresa estatal, precisa proporcionar tranquilidade administrativa à Braskem. A companhia tem o direito de trabalhar com contratos predeterminados, de modo a garantir a segurança jurídica dos seus negócios, e não ficar sujeita às instabilidades de fornecedora, que, como se viu nos últimos tempos, afastou-se das regras do mercado e passou a ser utilizada como instrumento político.

O depoimento de Carlos Fadigas precisa encontrar eco na direção da estatal. O contrato de longo prazo para a entrega de nafta precisa ser assinado rapidamente. Para que o Grande ABC possa se tranquilizar.