Tal é o quadro geral, por assim dizer, desse filme que concorreu em Cannes e sofreu forte oposição da influente revista Cahiers du Cinéma. De acordo com os Cahiers, Franco e outros diretores seriam discípulos de Michael Haneke (dupla Palma de Ouro com A Fita Branca e Amor) e seu pseudo-humanismo. A pretexto de propor enredos humanitários, que livrariam as pessoas de sofrimentos, tais diretores, sempre segundo os Cahiers, expressariam, pelo contrário, um inconfundível horror ao ser humano.
São discussões ideológicas, nas quais fica difícil decidir quem tem razão, pois dificilmente temos acesso às intenções mais íntimas de um artista. Inútil perguntar-lhes. Podemos apenas deduzi-las da estrutura da obra. E, a meu ver, nada em Chronic indica algum impulso sádico ou antissocial de Franco. Pelo contrário. O ambíguo personagem de Roth parece, de fato, movido pela intenção de minorar sofrimentos de gente sem qualquer esperança de cura. Comporta-se, às vezes, como um amigo tão íntimo e dedicado que sua ação pode ser interpretada de maneira maliciosa, como ocorre com um dos seus casos.
O ponto alto, sem dúvida, é a atuação límpida de Roth, revelando-se ator de muitos recursos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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