Era a chance que o Santos pediu ao padroeiro. O 2 x 2 entre o líder São Paulo e o Cruzeiro facilitaria a chegada da equipe do litoral paulista, em caso de vitória, à ponta da tabela no Brasileirão. Mas a teimosia em bolas aéreas, inofensivas, e desfiles pelas laterais igualmente inócuos ajudaram na derrota por 2 a 0, em casa, para o Vasco. E amarraram o time aos mesmos 31 pontos com que iniciou a rodada. Foi a primeira derrota do Peixe após uma invencibilidade de 19 partidas em casa.

O primeiro tempo foi um jogo disputado no hall, na antesala, na intermediária. Foram poucas as visitas à sala de estar, à área propriamente dita. O Santos insistiu com mais veemência, mas limitado a cruzamentos a partir de bolas paradas – faltas e escanteios. Não surtiam efeito: ou morriam nas luvas do goleiro Cássio, do Vasco, ou nas interferências dos defensores no esquema com três zagueiros do treinador Renato Gaúcho.

Foi um início de jogo tão mascado, por faltas e congestionamentos na entrada da área vascaína – até os 27 minutos, o Vasco cometera 14 faltas na tentativa de frear o ataque santista, que até o bandeirinha Renato Vieira viu-se obrigado a matar a bola no peito, aos 12 minutos. Se bem que, tamanha a força do chutão preventivo da defesa carioca, foi a bola que atentou contra o tórax do auxiliar.

Uma mudança de Vanderlei Luxemburgo, no intervalo, tentou o despertar santista. O meia Rodrigo Tabata e o atacante Leandro substituíram Maldonado e André, respectivamente. A alteração curou a maníaca insistência da equipe nas bolas paradas.

Com 15 minutos da segunda etapa, diante de uma zaga vascaína cada vez mais permeável, Luxemburgo fez a terceira substituição e colocou Rodrigo Tiuí no lugar de Jonas. Mas foi um outro reserva, pelo lado cruz-maltino, que começou a selar o destino do Santos. Aos 13 minutos, o suplente Abedi repôs o até então inexpressivo Ramon e diversificou as opções de jogada com Jean no ataque do Vasco. E depois de um lance brigado no bico esquerdo da área santista, chutou baixo no gol de Fábio Costa, que só teria condições de defender se tivesse o DNA do Homem-elástico. Santos 0 x 1 Vasco.

A partida seguiu em fogo brando até os 32 minutos, quando o lateral-esquerdo Kléber derrubou Vagner Diniz dentro da área do Santos. O árbitro Giuliano Bozzano não teve dúvidas: pênalti para o Vasco. Moraes – um dos 22 jogadores que defenderam a Seleção Brasileira na estréia do técnico Dunga, no empate contra a Noruega, semana passada – bateu e converteu. E, de quebra, compensou também um primeiro tempo no qual pouco fez. Santos 0 x 2 Vasco. Os exagerados cinco minutos de acréscimo, determinados pelo árbitro Bozzano, para a etapa final só serviram para prolongar o marasmo de fim de tarde na Vila Belmiro.